De 62 a 689 casos: entenda como o coronavírus se espalhou em abril na região

Mês marcou salto na ampliação no número de infectados pela Covid-19 no Vale do Paraíba e região bragantina.

No primeiro dia de abril, o Vale do Paraíba e região bragantina registravam 62 casos de infectados pelo novo coronavírus, sendo quatro mortes. No último dia do mês, nesta quinta-feira (30), os números passaram para 689 positivos, com 45 óbitos.

A alta de 1.011% comprova que o período marcou a expansão do coronavírus pela região (veja dia a dia no gráfico acima). Em 30 dias, o número inicial multiplicou por 11. Os primeiros casos na região foram registrados em 18 de março.

A curva em acensão mostra que em meio aos pedidos de flexibilização da quarentena (com reabertura do comércio) e as cidades discutindo planos para enfrentamento de quadros com maior ocupação de leitos em UTIs, há diversos fatores que precisam ser levados em consideração sobre estes dados.

Para a infectologista Maria Angela Barguil Digigove, a alta pode ser explicada por três motivos: poucos testes no início, liberação dos testes rápidos e o desrespeito ao distanciamento social.

“A gente sabia que os casos no Brasil eram subnotificados. No início, só estávamos testando os pacientes mais graves. Por outro lado, estamos vendo uma sequência de casos no Brasil. Foram quatro semanas para chegar aos mil mortos no país. Depois, foram mil mortos em uma semana. Agora, está chegando perto de mil em um dia. A curva de implantação do vírus está muito alta”, comentou.

“A nossa curva está em crescimento. Agora, começamos a testar mais. Com a liberação dos testes rápidos, começamos a receber mais resultados positivos. Agora não são apenas testes para pacientes graves, mas para profissionais de saúde, as pessoas que moram junto com profissionais de saúde. Além disso, há o desrespeito às regras do isolamento social”, acrescentou Maria Angela.

Prever como será o comportamento desta curva nos próximos meses, segundo a infectologista, é difícil pela questão dos poucos testes realizados no início. Segundo Maria Angela, somente depois de um tempo, quando já tiverem sido realizados mais testes, será possível analisar a curva.

Distanciamento social

Se é difícil prever como a curva da Covid-19 se comportará na região nos próximos dias, Maria Angela destaca que o distanciamento social é um fator comprovado que ajuda a achatar essa curva. Ela reconhece que a economia precisa girar, mas justifica a defesa pelo distanciamento.

“Sei que nós não temos condições de parar economicamente. Por outro lado, ainda não tem nenhum tratamento completamente adequado para o coronavírus. Não temos todas as respostas sobre o vírus, temos mais perguntas, inclusive. Às vezes, falamos uma coisa e, dois dias depois, falamos outra. Estamos aprendendo ainda. Nesse universo de muitas dúvidas e poucas respostas, o isolamento social é a única medida eficaz. Digo isso porque estou acompanhando os números. Todos os países que suspenderam o isolamento social, viram um acréscimo nos casos”, disse.

Na região do Vale do Paraíba, as três cidades mais populosas estão com índice de isolamento abaixo do considerado ideal pelo Governo de São Paulo, que é de 70%. A média nas três cidades não passa de 50,33%.

Por outro lado, São Sebastião, Ubatuba e Lorena lideram o ranking de adesão ao isolamento, com índices acima dos 60%.

Isolamento social na região

CIDADES MÉDIA – 3 DIAS 29/04 28/04 27/04
São José dos Campos 47,66% 47% 48% 48%
Taubaté 48,33% 48% 48% 49%
Jacareí 50,33% 50% 51% 50%

“Tem alguns políticos que estão menosprezando essa pandemia e, consequentemente, estimulando as pessoas a fazerem a mesma coisa. Todo mundo sabe que o isolamento é uma medida antipática, muito difícil. Também estou sem ver parentes, meus amigos. Meu consultório diminuiu muito os atendimentos também. Mas, mesmo assim, sou muito a favor do isolamento social. Tenho que entender que é um bem maior. Temos que ter a responsabilidade e a humildade que sabemos pouco ainda. As principais perguntas continuam sem resposta. A única coisa que já sabemos que diminui é o isolamento social”, destacou Maria Angela Barguil.

Fonte: G1

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