Cresce número de infratores nas unidades da Fundação Casa da região

Em 2016, 618 jovens foram encaminhados à instituição; e em 2018 o número subiu para 695. Aumento de 12,4%. Atraídos pelo tráfico de drogas, parcela comete crimes mais graves como homicídios.

O número de adolescentes infratores que são encaminhados para as unidades da Fundação Casa da região aumentou 12,4% de 2016 para 2018. Atraídos cada vez mais cedo pelo tráfico de drogas, parcela comete crimes ainda mais graves.

Em 2016, 618 jovens foram encaminhados à instituição, e em 2018 esse número subiu para 695. Atualmente, 200 jovens estão nas unidades da Fundação Casa do Vale do Paraíba.

“Eu cometi um homicídio”, relatou um jovem de 19 anos que está na unidade de Jacareí há dez meses.

Para Fábio Antônio Xavier de Moraes, promotor da Vara da Infância e Juventude, a falta de estrutura familiar, pouco acesso a serviços públicos e envolvimento com drogas estão entre os motivos que contribuem para o aumento na taxa de internação.

“Isso decorre da própria condição do tráfico, que cria grupos que se tornam uma facção, que brigam entre si. Dessas brigas, geram-se novas confusões, que acabam culminando com homicídio”, disse o promotor.

AUMENTO NOS CRIMES
Outros números da Fundação Casa confirmam esse caminho do crime. O envolvimento de adolescentes com o tráfico de drogas aumentou quase 20% de 2016 para 2018.

Também houve aumento no número de homicídios cometidos por adolescentes. Em 2016 foram registrados nove casos; em 2017 esse número se manteve; e em 2018 foram 30 registros.

FAMÍLIAS
Os crimes cometidos por adolescentes são um problema para a sociedade, mas também para as famílias. Luciana da Costa é mãe de um dos internos da Fundação Casa. Três, dos cinco filhos dela, já passaram pela instituição.

“Com acertos e erros, sempre procurei mantê-los em tudo, mas o mundo oferece coisas mais fáceis, e as coisas mais fáceis é onde a gente acaba perdendo o controle dos nossos filhos”, disse Luciana. “Falta de conselho de ouvir a minha mãe”, justificou o filho.

MEDIDAS SOCIOEDUCATIVAS
Para tentar evitar que os jovens voltem a cometer novos crimes, a instituição aplica medidas socioeducativas. Pela manhã os internos estudam e durante a tarde eles participam de atividades esportivas e recreativas. Os internos também têm acesso a cursos profissionalizantes.

A ideia é prepará-los para a vida fora da instituição. “Ele tem uma equipe de referência, que tem o psicossocial, tem a saúde, tem a educação, tem os agentes que cuidam dessa rotina dele, visando esse novo projeto de vida”, explicou Reberta Henrique, diretora da Fundação Casa de Jacareí.

Para alguns, esse novo projeto de vida já é um desejo. “Fazer um curso de enfermagem. Quem sabe, daqui uns anos, vir aqui dar uma palestra para os adolescentes, né? Eu correndo atrás, arrumar um trabalho, eu sei que posso conseguir, no meu foco para o futuro”, disse um dos internos.

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