Mortes em confronto com a polícia crescem 33% no Vale
As mortes em confronto com a polícia na região neste primeiro semestre são as maiores desde 2006, no mesmo período, ano marcado pelos ataques do PCC a forças de segurança; ‘Quem quer o confronto sempre é o criminoso’, declara comandante da P
Dados oficiais da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública) mostram que aumentou 33% o número de pessoas mortas em confronto com a polícia no Vale do Paraíba neste ano.
No primeiro semestre de 2019, a estatística oficial registra 16 mortes na região contra 12 de janeiro a junho do ano passado.
É ainda o maior número de mortes em confronto com a polícia na região, para o primeiro semestre, desde 2006, ano marcado pelos ataques proferidos pela facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) às forças de segurança.
Na ocasião, entre janeiro a junho, foram mortas 19 pessoas em confronto com a polícia na região. Ao lado de 2019, as mortes de 2006 foram as maiores para os seis primeiros meses do ano no Vale, em toda a série histórica da SSP, que começa em 2005.
Nesse período, os anos com mais mortes nos seis primeiros meses do ano foram: 2006 (19), 2019 (16), 2017 (14), 2005 (13), 2018 (12) e 2015 (11).
Todas as mortes deste ano ocorrem em confronto com a Polícia Militar, sendo 15 delas com policiais em serviço e um com um PM de folga.
No ano passado, um dos óbitos deu-se durante confronto com um policial civil e as outras 11 mortes em conflitos com policiais militares, sendo 10 em serviço e uma, na folga do agente.
Durante a campanha ao governo de São Paulo, em 2018, o então candidato João Doria (PSDB) causou polêmica ao dizer que “se bandido reagir, vai para o cemitério”. Ele foi criticado por se alinhar a Jair Bolsonaro, que concorria à presidência e pregava o conceito de ‘bandido bom é bandido morto’.
O discurso é criticado por especialistas como Dora Soares, cientista social e política, que o chama de “extremismo programático”.
“É preciso haver uma polícia mais qualificada e democrática, capaz de preservar a vida dos cidadãos, e não de atirar primeiro. Estamos deixando a decisão pela vida em gente estimulada a ser violenta”, afirmou Doria.
Na avaliação do advogado Luiz Alves de Lima, membro do Conseg (Conselho Comunitário de Segurança) das regiões sul e leste de São José e ex-presidente da Comissão de Direitos Humanos da OAB, a violência tem se tornado rotineira pela “situação complexa e complicada pela qual passa o Brasil”.
Ele disse que defende que haja menos mortes nos confrontos entre suspeitos e policiais, e mais uso da inteligência para desvendar crimes. “Não é admissível isso. Há mortes demais, de qualquer lado”, disse.
‘QUEM QUER O CONFRONTO SEMPRE É O CRIMINOSO’, DECLARA COMANDANTE DA PM
Para o coronel José Eduardo Stanelis, comandante do CPI-1 (Comando de Policiamento do Interior), o aumento das mortes em confronto com a PM significa que os policiais estão “chegando mais nas ocorrências”. E que o conflito é sempre provocado pelo criminoso.
“A polícia se preocupa com o cidadão de bem. Aquela pessoa que sai para trabalhar, que produz, que é pai de família e que paga seus impostos. Quando o bandido atira, a única coisa que a polícia se preocupa é em defender a própria vida. A polícia não quer o confronto. Quem quer o confronto sempre é o criminoso, que é quem sempre atira primeiro ou faz menção de atirar”, afirmou.