Pesquisadora exonerada de cargo no Inpe diz que não sabe motivo de demissão do posto

A exoneração, assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, foi publicada na edição da segunda-feira (13) do ‘Diário Oficial da União’ e veio após um alerta de desmatamento recorde na Amazônia.

A pesquisadora Lubia Vinhas, exonerada da coordenação-geral de Observação da Terra do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), disse que não sabe o motivo da demissão do cargo.
A exoneração dela no cargo, assinada pelo ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, foi publicada na edição da segunda-feira (13) do “Diário Oficial da União” e vem após um alerta de desmatamento recorde na Amazônia.
Em conversa com o jornalista César Tralli, no Edição das 18h na GloboNews, a pesquisadora explicou a situação.
“Entendo que a minha exoneração da Coordenação está relacionada diretamente ao processo de reestruturação do INPE que vem sendo proposto pela atual direção, e não a uma ação em resposta direta a números relacionados ao monitoramento”, disse.
Lubia Vinhas ainda explicou como o trabalho de monitoramento é organizado. “As atividades de monitoramento da Amazônia não são responsabilidade de uma única pessoa, e são executadas dentro de um Programa, o Programa de Monitoramento da Amazonia e demais Biomas, que é ligado na estrutura do INPE a CGOBT, mas que tem um coordenador próprio, o Claudio Almeida”.
Procurada pela reportagem, antes da entrevista à GloboNews, a pesquisadora informou que não foi comunicada do desligamento do posto, mas ressaltou que é servidora concursada do Inpe há 23 anos e, além da carreira técnica, assumiu alguns cargos de gestão.
Entre eles, a partir de março de 2018, a Coordenação Geral de Observação da Terra, núcleo do Inpe (CGOBT), que tem diversos programas sobre sua coordenação, entre eles o Programa de Monitoramento da Amazonia.
De acordo com a pesquisadora, ela não era responsável diretamente pelo Monitoramento da Amazonia, mas o programa era um dos que estavam ligados ao CGOBT. Lubia Vinhas tem mestrado e doutorado em computação aplicada pelo Inpe.
Procurado, o instituto informou em nota que “desde o início das conversas sobre a reestruturação, já estava prevista a relocação da Dra. Lubia Vinhas do cargo de Coordenadora-Geral da CGOBT para o cargo de Chefe da Divisão de Projeto Estratégico, que tratará implementação da nova Base de Informações Georreferenciadas (“BIG”) do INPE, uma demanda do Ministro Pontes. Esta, por sinal, é a área primária de formação e expertise da Dra. Lubia Vinhas”.
“A Direção do Instituto reforça que as atividades associadas ao monitoramento do desmatamento da Amazônia, bem como as demais atividades operacionais do Instituto continuarão sendo realizadas e tendo como premissas os critérios técnicos e científicos de praxe”, conclui a instituição no comunicado, que foi disponibilizado no site.
O MCTI informou em nota que “a exoneração da Dra. Lubia Vinhas publicada no Diário Oficial da União é parte de sua realocação do cargo de Coordenadora-Geral da CGOBT para o cargo de Chefe da Divisão de Projeto Estratégico, a ser criado no âmbito da reestruturação do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que está sendo executada em sintonia com o MCTI”.
De acordo com o ministério, o plano de reestruturação que será apresentado em coletiva de imprensa nesta terça-feira (14). A medida tem como meta, segundo a pasta, de “otimizar os recursos humanos e de infraestrutura do Instituto para um funcionamento mais eficiente”.

EXONERAÇÃO
A Observação da Terra é a área do Inpe responsável, entre outras atribuições, pelo monitoramento da devastação da Amazônia, por meio do sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter).
Na semana passada, o Inpe divulgou que junho teve o maior número de alertas de desmatamento para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2015.
No acumulado do semestre, os alertas indicam devastação em 3.069,57 km² da Amazônia, aumento de 25% em comparação ao primeiro semestre de 2019. Só em junho, a área de alerta foi de 1.034,4 km².
Os dados servem de indicação às equipes de fiscalização sobre onde pode estar havendo crime ambiental. Os números não representam a taxa oficial de desmatamento, que é medida por outro sistema, divulgado uma vez ao ano.
Em nota divulgada pouco após a exoneração, o Greenpeace afirmou que a demissão “não supreende” em razão de decisões anteriores tomadas pela gestão Jair Bolsonaro, mas “dá novamente a entender que o governo é inimigo da verdade”.

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