Investidores alegam calote de empresário de Lorena e cobram R$ 16 milhões em ações na Justiça

Empresário, que mantinha grupo de negócios, alegou impacto financeiro provocado pela pandemia de coronavírus. Ele prometeu pagar investidores, mas desapareceu há uma semana e fechou lojas do grupo. Mais de 125 ações na Justiça cobram devolução de investimento.

Um grupo de investidores acusa um empresário de calote e cobra na Justiça a devolução de R$ 16 milhões. Até a manhã da terça (26), eram 125 ações na Justiça que cobravam a devolução de valores de R$ 5 mil até R$ 2 milhões investidos na empresa (veja mais abaixo).

Desde abril, o empresário alega impacto nos negócios provocado pela pandemia de coronavírus e chegou a prometer o pagamento, mas há uma semana fechou as lojas do grupo e desapareceu sem dar satisfações a investidores e funcionários. Na sede da empresa, um aviso promete retomar atendimento em junho.

O empresário Samuel Fradique de Oliveira captava recursos de investidores por meio da SFO Holding, grupo que mantinha atividades com lojas de cosméticos, postos de combustíveis e uma construtora.

Pela proposta de Samuel, o dinheiro dos investidores era aplicado em empresas do grupo e retornava em lucros de até de 7% ao mês, além do retorno do valor investido ao fim do contrato.

O alto retorno atraiu milhares de investidores de Lorena e cidades vizinhas até o início da pandemia de coronavírus, quando ele alegou crise para paralisar os pagamentos.

SEM PAGAMENTO E LOJAS FECHADAS
Em abril, o empresário suspendeu os pagamentos e alegou profunda crise nos negócios. Mesmo assim, ele afirmou que retomaria os pagamentos e chegou a fazer atendimentos na sede da empresa, o que provocou filas de investidores que cobravam explicações.

No começo de maio, o empresário pediu paciência aos investidores e reafirmou que honraria os compromissos, mas manteve a suspensão temporária. Na última semana, funcionários foram comunicados que as lojas não abririam e desde então Samuel não é visto na cidade ou localizado.

“Um dia aparentemente estava tudo bem, a loja tava vendendo bem mesmo com a pandemia. Em outro dia as lojas estavam fechadas, sem nenhuma demissão formal ou qualquer outro tipo de informação aos funcionários”, conta a vendedora Juliana Beatriz Cezar Santos.

A funcionária afirma ainda que não foi desligada da empresa e, dessa forma, não consegue dar entrada em benefícios como o seguro-desemprego.
“Ele simplesmente sumiu, desapareceu, deixou a gente aqui com um monte de conta para pagar, com uma carteira presa, sem possibilidade de receber qualquer outro tipo de benefício, ou mesmo até de arrumar outro emprego, é uma coisa que eu não esperava”, desabafou.

Além do fechamento das lojas de cosméticos, os postos de combustíveis que eram operados pela empresa tiveram as marcas da SFO retiradas.

AÇÕES NA JUSTIÇA
As incertezas sobre o retorno do valor investido provocaram uma enxurrada de ações contra a empresa na Justiça. Eram mais de 125 na manhã da terça-feira. Juntas, somavam a cobrança de R$ 16 milhões.

As ações na Justiça cobram a devolução de valores de R$ 5 mil até R$ 2 milhões investidos na empresa, conforme apurado pela reportagem.
Uma sobrinha de Samuel Fradique de Oliveira, é uma das pessoas com ação na Justiça contra a SFO Holding. Ela cobra a devolução de R$ 233 mil investidos no negócio em três contratos.

Ela chegou a notificar extrajudicialmente a empresa, mas não teve respostas. “Decorrido o prazo estipulado na notificação, sem qualquer manifestação da empresa requerida, ficou clara a intenção do representante de não honrar seus compromissos, com promessas vazias de vendas de imóveis, não sabendo explicar onde foi parar os milhões de reais captados no mercado, das economias de trabalhadores honestos da região, não excluindo nem mesmo a familiares, com in casu”, alega o advogado Filipe Stocker no processo da sobrinha de Samuel.

Segundo o advogado Fábio Capucho, o número de investidores sem receber pode ainda ser muito maior. “A gente estima que sejam mais de 15 mil contratos, com cinco a sete mil investidores”, afirmou.

Entre as diversas ações, a Justiça vem atendendo aos pedidos dos investidores para bloqueios de verbas da empresa e apreensão de bens para garantir o pagamento da dívida.

O advogado José Alexandre Corrêa move ação contra a empresa para reaver o investimento de R$ 10 mil que fez no começo de março. Ele conseguiu o bloqueio de R$ 6,6 mil das contas da empresa.
“No início ele estava ativo, deu declarações, comunicados oficiais, falou que pagamentos seriam retomados no início de maio, aí foi anunciando postergação. Eu esperei meu vencimento, como não veio o pagamento, decidi entrar com a ação”, explicou.

A reportagem tenta desde a última quinta-feira (21) contato com Samuel Fradique de Oliveira por meio de nove telefones registrados em nome do empresário e também nas lojas do grupo. Na sede da empresa, nenhum representante da SFO Holding foi localizado na segunda (25). Samuel também não foi localizado em sua casa em Lorena.

A reportagem também acionou Samuel pelas redes sociais e não teve retorno. Advogados que representaram a SFO em outra ação na Justiça renunciaram ao processo no último dia 15 de maio.

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