UM ANO SEM JONAS ABIB: FIÉIS ATRIBUEM MILAGRES AO FUNDADOR DA CANÇÃO NOVA E SONHAM COM CANONIZAÇÃO DO PADRE
Monsenhor Jonas Abib morreu em 12 de dezembro do ano passado. Morte causou comoção entre fiéis do país inteiro, que apoiam canonização. No entanto, o processo para que uma pessoa vire santa é longo e só pode ser iniciado cinco anos após a morte.
A morte do Monsenhor Jonas Abib, fundador da comunidade católica Canção Nova, completa um ano nesta terça-feira (12). O padre morreu em Cachoeira Paulista, por conta de uma insuficiência respiratória. O falecimento do religioso gerou comoção entre devotos que vieram de diversas partes do país para prestar homenagens no velório, que teve duração de três dias.
Um ano após a morte, o sacerdote continua deixando saudades em milhares de fiéis, que atribuem milagres ao Monsenhor e defendem que ele seja canonizado, embora esse processo seja demorado e só possa ser iniciado daqui quatro anos – entenda melhor no fim da reportagem.
A reportagem conversou com devotos de Jonas Abib, que relatam histórias de fé e milagres que atribuem ao Monsenhor, com a esperança de que o religioso seja reconhecido como santo.
‘Cura pela fé’
Moradora de Pindamonhangaba, no interior de São Paulo, a devota Elaine Antóquio, de 57 anos, conta que Abib esteve presente em momentos importantes de sua vida e que já presenciou milagres do padre.
O primeiro momento especial aconteceu quando o sacerdote batizou a filha dela, Amanda, em 1988. Antóquio afirma que nunca vai se esquecer do carinho de Jonas com a família.
“Eu morava ao lado da Catedral Nossa Senhora da Piedade, onde ele celebrava missas, e comecei a admirá-lo e acompanhá-lo. Queria que ele batizasse minha filha e deu certo. Fiquei muito feliz. Nessa época ele já tinha um olhar diferente, carinhoso, acolhedor”, lembra.
Quando Amanda completou quatro anos, o padre auxiliou a família em outro momento que Elaine se diz grata até hoje. Ela acredita que Jonas ajudou a criança a se curar de um vitiligo.
“Depois das missas os fiéis faziam uma fila para abraçar e conversar com o padre. E em uma das vezes que fomos minha filha disse que queria falar com ele. Ela já estava com várias manchas no corpo por conta da doença”, conta.
Mesmo após a morte de Jonas Abib, Elaine mantém a admiração pela comunidade Canção Nova e continua contando com o sacerdote. No começo deste ano, ela foi até o túmulo no Santuário do Pai das Misericórdias pedir uma nova graça.
A mulher relata que o filho Tales, hoje com 33 anos, vinha tratando de um câncer de medula óssea e aguardava transplante para a cura da doença. Após as preces que fez onde o padre foi enterrado, ela acredita que houve a intercessão do Monsenhor em seu pedido e afirma que hoje o filho está curado.
‘Grande profeta’
Outra devota que defende a canonização de Jonas Abib é Tânia Sampaio, de Lorena (SP). Tânia tem 70 anos de idade e conta que teve uma ligação muito forte com o sacerdote por conta da Diocese da cidade, onde já trabalhou.
A religiosa conta, inclusive, que chegou a receber um convite do padre para trabalhar na Canção Nova, no início da fundação da comunidade, mas precisou recusar, pois estava prestes a casar com um militar, que frequentemente era transferido.
Mesmo assim, a relação entre Tânia e Jonas seguiu viva. A moradora afirma que crê em milagres atribuídos ao Mosenhor, entre eles um da própria família. Segundo a idosa, ela acredita que o religioso teria ajudado um neto dela a se curar de uma leucemia em 2020.
Tânia confia que, embora a morte do sacerdote ainda seja muito recente, ele será reconhecido e se tornará santo, tendo em vista que há relatos de outros milagres atribuídos ao religioso por fiéis.
Morte do Monsenhor Jonas Abib
Monsenhor Jonas Abib, fundador da Comunidade Católica Canção Nova, morreu aos 85 anos, em Cachoeira Paulista (SP), na noite do dia 12 de dezembro de 2022.
De acordo com a Canção Nova, a causa da morte foi insuficiência respiratória por broncoaspiração e disfagia motora. O religioso também tratava um mieloma (tipo de câncer) desde 2021.
Abib fundou, em 1978, a Canção Nova, com a missão de evangelizar pelos meios de comunicação social. Hoje, a comunidade mobiliza milhares de pessoas em todo país e é reconhecida pelo Vaticano.
Biografia
Jonas Abib nasceu no dia 21 de dezembro de 1936 em Elias Fausto (SP). Ordenado sacerdote em 1964, passou a se dedicar no trabalho de evangelização de jovens.
A comunidade católica mobiliza milhares de fiéis em todo país e é reconhecida pelo Vaticano como uma “Associação de fiéis Internacional de Direito Pontifício”, o que significa estar a serviço não somente da Igreja local, mas a serviço da Igreja no mundo todo.
O título de monsenhor foi concedido ao religioso pelo Papa Bento XVI em 17 de outubro de 2007 a pedido do bispo da diocese de Lorena (SP), Dom Benedito Beni Santos. O título é dado pelo Papa a padres que se destacam por relevantes serviços prestados à Igreja e ao povo de Deus em suas dioceses.
Canonização
Canonização é o processo da Igreja Católica para que uma pessoa possa ser reconhecida como santa. O nome vem de ‘cânon’, uma lista oficial da igreja em que o nome das pessoas canonizadas é inscrita.
O processo só é iniciado após a morte da pessoa e só pode ser aberto com autorização do Vaticano. A partir disso, um postulador é escolhido para levantar evidências de que a pessoa tem fama de santa.
Caso essa etapa seja aprovada, o religioso recebe o título de venerável e o procedimento passa para o próximo passo, que é a beatificação, que exige um milagre alcançado. Com o reconhecimento dessa etapa, a pessoa é considerada beata.
O último passo é a canonização, que, para ser alcançada, é necessária a comprovação de mais um milagre. A partir disso, a aprovação é feita pelo Papa, que declara a pessoa como santa.
O que diz a Canção Nova?
Em nota enviada ao g1, a comunidade Canção Nova informou que não vai antecipar a possibilidade de solicitar ao Tribunal Diocesano de Lorena (SP) a abertura do processo de beatificação do padre Jonas Abib.
Além disso, a comunidade disse que entende e acolhe com profundo respeito a manifestação popular em torno da vida de seu fundador.
Fonte: G1