ESCOLA DE CACHOEIRA RECEBE DANIEL MUNDURUKU PARA DEBATER PRESERVAÇÃO E VALORIZAÇÃO DA CULTURA DOS POVOS INDÍGENAS

Ativista pelas causas indígenas, professor coordena evento, que busca ampliar informações sobre povos originários; encontro teve mudanças devido a onda de ataques a escolas no país

A escola Emeief Yvonne Cipolli Ribeiro recebe na próxima segunda-feira (17) o escritor, professor e ativista indígena, Daniel Munduruku para uma roda de conversa sobre respeito, preservação e valorização da cultura dos povos originários. O encontro é um projeto do coletivo “Vira Mundo” idealizado pela vereadora Thálita Barbosa (PT).

O “Vira Mundo” se originou no ano de 2021 e reúne diversas pessoas que se preocupam com o meio ambiente e a preservação da natureza e que buscam ajudar nesse cenário através de ações ambientais práticas e de cunho teórico de conscientização e aspecto educacional.

A vereadora ressaltou que um dos focos do coletivo é levar temáticas pertinentes para o público infanto-juvenil. “A gente pensou nessa abordagem por conta do Dia dos Indígenas, que é comemorado agora no mês de abril, pra gente resgatar a importância desses povos e trazer esse debate para a cidade”.

Um dos fundadores da Academia de Letras de Lorena, Munduruku nasceu em Belém (PA), é formado em filosofia com licenciatura em História e Psicologia e já integrou o programa de Pós-Graduação em Antropologia Social na USP (Universidade de São Paulo). Já lecionou durante dez anos, atuou como educador social de rua pela Pastoral do Menor de São Paulo, é autor de mais de cinquenta livros voltados para o público infanto-juvenil e já esteve em vários países da Europa e em cidades da RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte) participando de conferências e ministrando oficinas culturais, palestras e seminários sempre destacando o papel da cultura indígena na formação da sociedade brasileira.

Diretor do Instituto Uka, viu seu livro “Meu avô Apolinário” ser escolhido pela Unesco (Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura) para receber menção honrosa no Prêmio Literatura para crianças e jovens na questão da tolerância.

O escritor enfatizou que esse tipo de evento é importante para “descolonizar” o pensamento das pessoas com relação aos povos indígenas. “Cachoeira está fazendo esse trabalho que considero de grande importância justamente porque a nossa região é uma região com a presença indígena ancestral. Embora não tenha mais a presença física dessas populações, está no DNA de nossa região”.

Munduruku afirmou ainda que ainda existe uma visão no imaginário das pessoas de que os índios são atrasados e selvagens. “Como nossas crianças são educadas a partir de uma visão hegemônica europeia, a gente aprendeu e cresceu imaginando que nós precisamos nos tornar europeus, e não crescemos aprendendo a valorizar a ancestralidade indígena que mora dentro da gente”.

Mudança – A princípio, o evento seria realizado no Centro Cultural Gertrud Schubert dos Santos, receberia alunos de três escolas e seria aberto ao público, mas com a onda de ataques a escolas que teve início na cidade de Blumenau (SC), e a preocupação dos pais, a secretaria de Educação decidiu remanejar o encontro para garantir uma maior segurança das crianças. “É uma situação muito triste e chocante, têm muitos pais aflitos e com medo. As escolas estão com medo de sair da rotina. E pensando nisso, achamos melhor a escolha de apenas uma instituição para o evento acontecer. Infelizmente não será mais aberto ao público pela questão da segurança”, ressaltou a vereadora.

Fonte: Jornal Atos

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