EX-ALUNA DE ESCOLA PÚBLICA É SELECIONADA PARA PARTICIPAR DE PESQUISA ASTROFÍSICA INTERNACIONAL

A estudante é natural de Jaboatão dos Guararapes, cidade do interior de Pernambuco, mas estuda e mora em São José dos Campos (SP). Em 2021 ela já havia se destacado, quando foi responsável por uma descoberta de um asteroide que entrou para a lista oficial da NASA.

Ex-aluna de escola pública, pesquisadora e engajada com a inclusão das mulheres na ciência, Micaele Gomes, de 18 anos, tem se destacado no ramo de pesquisas astrofísica. Moradora de São José dos Campos (SP), a jovem já descobriu um asteroide e recentemente conquistou mais um feito, ao ser selecionada para participar de um estudo internacional para mapear o céu.
Natural de Jaboatão dos Guararapes, cidade do interior de Pernambuco, Micaele tinha apenas 17 anos quando ganhou as manchetes dos jornais e se tornou praticamente uma celebridade na escola estadual onde cursava o ensino médio.
Em 2021, ela descobriu um asteroide que entrou para a lista oficial da NASA (Administração Nacional da Aeronáutica e Espaço), uma agência espacial com sede nos Estados Unidos. Na ocasião, ela ganhou uma bolsa de estudos para terminar seu ensino médio em uma escola particular de São José dos Campos.

No último ano, a jovem cientista foi convidada para participar de um trabalho que reuniu cerca de 50 cientistas do mundo todo e que trabalharam com 1500 imagens do Dark Energy Survey (DES, em inglês, Levantamento da Energia Escura) para mostrar que os seres humanos são capazes de identificar fenômenos raros no espaço.
De forma simplificada, a pesquisa tinha como objetivo investigar a capacidade de cientistas encontrarem o fenômeno raro de lentes gravitacionais, que são uma espécie de lupa gigante que se forma no espaço.
Micaele diz que já estava estudando o assunto por conta própria e que por convite de um professor passou a fazer parte da pesquisa.
“Antes dessa pesquisa eu também estava trabalhando com as lentes gravitacionais fortes em um projeto de pesquisa no Observatório Nacional, por isso acabei recebendo um convite do meu orientador, Dr. Ricardo Ogando, para participar da pesquisa e trabalhar na identificação desses fenômenos”, explicou.
A jovem conta que o fenômeno das lentes gravitacionais é uma das consequências da teoria da relatividade geral de Albert Einstein.
“Essa teoria defende que qualquer corpo massivo desvia a luz que passa perto dele. Ou seja, se um raio de luz passar perto de uma estrela, por exemplo, esse raio vai ser curvado pela gravidade. Então podemos dizer que as lentes gravitacionais são uma ilusão de ótica causada pela gravidade”, contou.

“As lentes gravitacionais fortes, que foram o foco do estudo publicado, causam uma distorção mais significativa da luz que passa por ela e são bem mais fáceis de identificar. No entanto, a observação das lentes gravitacionais é muito desafiadora e analisar muitas delas é uma atividade complexa. Sendo assim, o artigo que publicamos mostra uma alternativa para identificá-las com mais facilidade”, completou Micaele.
Para a jovem, fazer parte de trabalhos tão relevantes como esses é gratificante e a pesquisadora não quer parar por aqui. Micaela já publicou dois artigos na área de educação e gênero e atualmente trabalha em uma pesquisa na área de Astrofísica no Observatório Nacional.

INSPIRAÇÃO
Após o sucesso com a descoberta do asteroide, a jovem fundou um instituto chamado Sciety Lab que já impactou milhares do jovens em todo Brasil e que tem o intuito de estimular os jovens para estudar ciências, em especial as mulheres.
Por ser ex-aluna de escola pública, Micaele diz que entende as dificuldades dos estudantes se engajarem ou se interessarem pela ciência, mas acredita que com apoio e democratização do ensino, grandes talentos podem ser descobertos e deseja que por meio da história dela, mais jovens se inspirem.
“Lidar com a defasagem do ensino público nem sempre foi fácil, no entanto, a escassez de oportunidades foi importante para desenvolver minha criticidade e um perfil protagonista. Quando percebi que eu não tinha acesso a boas oportunidades para me desenvolver e alcançar meus sonhos, comecei a furar bolhas e buscar ativamente por oportunidades de estudos, aprendizado, trabalhos e voluntariados que mudariam toda a minha trajetória e que me proporcionaram as habilidades e conhecimentos que tenho hoje para continuar esse desenvolvimento contínuo e eterno”, narrou.

(G1)

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