Ataque de tubarões em SP: entenda por que os animais mordem humanos

Dois registros de banhistas feridos pelo animal em menos de 15 dias em Ubatuba, no Litoral Norte Paulista, passaram a chamar a atenção. Tubarões estão presentes na costa brasileira, mas geralmente são vistos à distância e em águas mais profundas, apontam pesquisadores.

Dois registros de banhistas feridos por tubarões em um espaço de menos de 15 dias em Ubatuba, no Litoral Norte Paulista, acenderam um alerta sobre a presença do animal nas praias e para o possível risco de ataques – a cidade não registrava incidentes com tubarões há pelo menos 32 anos.

Presentes no litoral brasileiro, os tubarões fazem parte da vida marinha e ataques a humanos são considerados raros. Segundo pesquisadores, os animais estão presentes na costa, mas geralmente são vistos à distância e em águas mais profundas. Apesar disso, acidentes com animais podem acontecer.

Das cerca de 380 espécies de tubarão no mundo, cerca de 80 foram identificadas no litoral brasileiro.Segundo pesquisadores, apenas 12 com registro de incidentes com humanos.

No Brasil, os casos mais frequentes acontecem em Pernambuco, no Nordeste. Em Balneário Camboriú (SC), após o alargamento da faixa de areia, tubarões começaram a serem vistos nadando próximo à praia.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Os dois casos em Ubatuba foram os únicos registrados em SP neste ano até o momento. Em todo 2020 foi registrado um caso no estado.

O registro internacional de ataques de tubarões aponta que desde 1931 foram oficialmente constatados 15 casos em São Paulo.

Em Ubatuba, no dia 3, um turista francês foi atacado por um tubarão na Praia de Lamberto. Já no dia 14, uma idosa de 79 anos foi atacada pelo animal na Praia Grande. Ambos foram socorridos e passam bem.

Em Ilha Comprida, no Litoral Sul de São Paulo, o caso de um menino ferido no mar repercutiu como ataque de tubarão, mas especialistas descartaram a possibilidade e acreditam que o ferimento tenha sido causado por um cardume de raias ticonha ou outra espécie de peixe ósseo.

Idosa de 79 anos foi atacada por tubarão em Ubatuba

O pesquisador especialista em Tubarões da Universidade Estadual de São Paulo (Unesp), Otto Bismarck, e do oceanógrafo Hugo Gallo, do Instituto Argonauta, explicam alguns dos principais pontos sobre o tema.

Entenda abaixo os principais pontos sobre ataques de tubarões:

  1. É comum o aparecimento de tubarões nas praias?
  2. Por que tubarões atacam pessoas?
  3. O que se pode fazer para evitar o ataque?
  4. O que fazer se você perceber um tubarão na água?
  5. O que fazer se for atacado?

1. É comum o aparecimento de tubarões nas praias?

Tubarões geralmente são vistos à distância no mar e em águas mais profundas. Apesar disso, algumas espécies ficam mais perto da costa para caça ou reprodução.

No caso de São Paulo, nos últimos anos, pesquisadores têm notado maior presença de baleias no litoral, possivelmente relacionada com disponibilidade de alimento. Com tubarões pode estar ocorrendo o mesmo. Esse fator, associado ao aumento de pessoas no litoral nessa época do ano, contribui para aumentar as chances para esse tipo de encontro.

Pesquisadores apontam que vítima em Ubatuba possa ter sido atacada por tubarão-tigre — Foto: André Afonso
Pesquisadores apontam que vítima em Ubatuba possa ter sido atacada por tubarão-tigre — Foto: André Afonso

“Os tubarões existem no ambiente marinho. O litoral de São Paulo tem tubarões, isso é um risco muito baixo. Os casos que tivemos coincidem com uma época que o turismo aumenta muito. Tem muito mais gente no mar e os tubarões estão aqui, atrás de alimento, atrás de locais para soltar seus filhotes e acaba que podem ocorrer eventuais acidentes como ocorreram aqui, mas ainda são isolados e a probabilidade é baixíssima”, afirmou Hugo Gallo.

Ubatuba registra o segundo ataque de tubarão neste mêshttps://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

Sobre casos mais frequentes de acidentes com tubarões, como os dois registrados em Ubatuba, Otto Bismarck afirma que ainda é cedo para apontar as causas exatas. A cidade não tinha registro de casos com tubarões há pelo menos 30 anos.

“A explicação mais ampla ainda não pode ser dada com segurança. Como a mudança climática, fatores oceanográficos, temperatura podem estar afetando esses animais a ponto de, por exemplo, ter relação com episódio de ataque é precipitado falar”, disse.

Apesar disso, ele faz um alerta sobre como a ação humana tem afetado o comportamento marinho.

“É importante informar que a maioria dos acidentes com tubarões no mundo inteiro são resultado da degradação do ecossistema causada por nós humanos. Tiramos alimentos deles, destruímos e poluímos o ecossistema onde ele vive, isso faz com que ele tenha dificuldade para duas necessidades básicas: alimentação e reprodução. Tratando de um predador, que vive na área costeira, com dificuldade para se alimentar e reproduzir, esses acidentes podem acontecer”, explica.

2. Por que tubarões atacam pessoas?

“Quando você vincula o termo ‘ataque’ com a palavra ‘tubarão’, o susto, a comoção, é muito maior, então a gente toma algum cuidado. Mas do ponto de vista comportamental, o que às vezes um tubarão pode fazer quando morde uma pessoa é resultado de um ataque para se defender. Um ataque para se alimentar, porque confundiu a presa”, explica o professor Otto Bismarck.

De acordo com o especialista, não há como saber precisamente quais são as circunstâncias dos acidentes com tubarões caso a caso porque os animais quase nunca são percebidos pelas vítimas.

De forma geral, o pesquisador aponta que os tubarões atacam por confundir o humano com algum peixe ou presa durante a caça; por ter o território invadido, principalmente em dias de praias mais cheias; e por defesa, em casos em que é atingido por alguém enquanto nada.https://tpc.googlesyndication.com/safeframe/1-0-38/html/container.html

3. O que se pode fazer para evitar o ataque?

De acordo com Otto Bismarck, é possível tomar alguns cuidados para evitar atrair o animal:

  • Não entrar no mar no fim de tarde ou no amanhecer, quando não há claridade;
  • Não entrar no mar com ferimentos, principalmente que possam sangrar;
  • Não eliminar fluídos humanos no mar, como urina. Os animais tem olfato aguçado e isso pode atraí-los;
  • Não se aproximar de atividade de vida marinha, como um aglomerado de peixes, aves se alimentando. Isso é sinal de caça;
  • Evitar objetos brilhantes, que façam reflexo na água, ou prateados que possam levar o animal a se confundir com escama de peixe;
  • Não entrar no mar sozinho.

Mesmo com estas orientações, o pesquisador ressalta que as chances de um incidente com o animal são baixas.

4. O que fazer se você perceber um tubarão na água?

Otto explica que dificilmente tubarões são percebidos por banhistas, mas é preciso cuidado caso perceba algum sinal do animal ou suspeita da sua presença na água. Entre os cuidados estão sair da água sem movimentos bruscos ou gritos. A movimentação pode causar ondas que chamam a atenção do animal e o ruído sonoro também.

5. O que fazer se for atacado?

Ataques de tubarões são raros, mas em caso de avanço do animal a única defesa é pedir ajuda e tentar atingir a cabeça do tubarão, que é seu ponto sensorial. Com isso, ele fica desorientado e se afasta.

Pesquisadores apontam que vítima em Ubatuba possa ter sido atacada por tubarão-tigre — Foto: Reprodução/TV Globo

Pesquisadores apontam que vítima em Ubatuba possa ter sido atacada por tubarão-tigre — Foto: Reprodução/TV Globo

Fonte: G1

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