Doria diz agora que igrejas são atividades essenciais em SP e libera funcionamento

Templos poderão funcionar durante eventuais lockdowns para conter o avanço da Covid-19

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), lançou o mote “esperança, fé e oração” para anunciar nesta segunda (1) um decreto que enquadrará como atividades essenciais todas as igrejas do estado.
Assim, templos poderão funcionar durante eventuais lockdowns para conter o avanço da Covid-19, como supermercados e farmácias, por exemplo.
O texto será publicado na terça (2) no Diário Oficial, segundo Doria. “O decreto reconhece a essencialidade de todas as igrejas no estado de São Paulo e o seu funcionamento com a regularidade, obedecidos os critérios sanitários de proteção aos que dela participam. Esperança, fé e oração: com vacinas, vamos vencer a Covid. Viva a vida”, disse o governador, ao lado de deputados federais e estaduais paulistas que integram frentes parlamentares evangélicas.
Na semana passada, o governador havia barrado proposta similar: um projeto de lei do deputado estadual Gil Diniz (sem partido) que estabelecia atividades religiosas como essenciais em tempos de crises.
Segundo o pastor Luciano Luna, um conselheiro religioso do governo, Doria avaliou que o texto de Diniz – braço bolsonarista na Assembleia Legislativa paulista – carecia de requisitos sanitários. “Estava muito genérico, por isso ele tinha vetado. A preocupação dele sempre foi com a saúde. As igrejas têm bastante gente.”
O veto enfureceu líderes evangélicos. A Igreja Universal do Reino de Deus, por exemplo, destacou em seu site: “Mesmo que as entidades religiosas tenham desempenhado papel fundamental – durante a pandemia de Covid-19 causada pelo coronavírus-, o governador não entendeu desta forma e vetou o projeto”.
Na sexta (26), o jornal Folha de S.Paulo publicou reportagem mostrando que muitos pastores que ladearam com Doria em 2018 agora dizem que sua moral murchou com as igrejas –o que pode sair caro no ano que vem, caso ele consiga consolidar uma candidatura à sucessão de Jair Bolsonaro (sem partido), este, sim, bem relacionado com a nata do pastorado nacional.
Pastores lembram que em março de 2020, no começo da pandemia, Doria e Bolsonaro se estranharam no tema. O presidente editou um decreto para essencializar ritos religiosos, e seu rival tucano não gostou: fez um apelo a dirigentes de templos “que compreendem a dimensão da gravidade” da crise sanitária: façam “cultos e encontros virtualmente, e não presencialmente”.
Doria lançou o gesto às igrejas num palanque em que tinha de um lado Damaris Moura (PSDB), eleita com apoio forte dos adventistas, e do outro Marta Costa, filha do pastor José Wellington Bezerra da Costa, que por anos comandou a Convenção Geral das Assembleias de Deus no Brasil (hoje sob tutela de outro filho).
Carolini Gonçalves, presidente do Núcleo Cristão do PSDB em São Paulo, diz que o governador se sensibilizou pelo papel exercido pelas entidades religiosas, “ainda mais evidenciado neste período pandêmico”. E que isso não se restringe aos evangélicos.
“Além do fator religioso, pela fé, as entidades realizam trabalho essencial como terceiro setor. A exemplo disso, o trabalho do padre Júlio Lancelotti, que, entre suas atividades, é referência no tratamento e cuidado de moradores de rua. Ele foi símbolo de vacinação aqui na cidade.”

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