Doria prorroga quarentena em SP até 31 de maio: “cenário desolador”

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), anunciou hoje a prorrogação da quarentena no estado até o dia 31 de maio. A decisão foi tomada nesta manhã, após uma reunião entre ele, o Centro de Contingência ao Coronavírus e secretários. Esta é a segunda vez que o político tucano estende o período de isolamento social como medida de combate à covid-19. O prefeito Bruno Covas (PSDB) afirmou que a quarentena também será estendida até 31 de maio na capital.

Em entrevista coletiva no Palácio dos Bandeirantes, Doria se emocionou e ficou com a voz embargada ao anunciar o aumento do isolamento e ao falar sobre o Dia das Mães, que será celebrado neste domingo (10). “Daqui a dois dias será o Dia das Mães. É o dia da celebração da família, do beijo, do abraço, do caminho. Neste ano, será diferente. Será um dia de solidariedade, de oração pela vida, pelos brasileiros. Palavras refletem sentimentos, e o sentimento agora é o da proteção. Mães são sempre as maiores protetoras e proteção. Esse é o sentimento que fui buscar nas lembranças da minha mãe, que perdi quando tinha 14 anos de idade.
Como governador de São Paulo, gostaria de dar uma notícia diferente, mas o cenário é desolador. Teremos que prorrogar a quarentena até o dia 31 de maio”, disse Doria.

O estado tinha um plano de flexibilizar a quarentena a partir do dia 10 de maio e, para que cada cidade pudesse retomar o comércio parcialmente, era preciso estar na chamada área verde, de acordo com a taxa de isolamento social alcançada diariamente. Mas a degradação da situação da saúde fez com que São Paulo ficasse somente com áreas vermelhas e amarelas. Um integrante do Centro de Contingência ao Coronavírus revelou ontem que estava difícil encontrar uma região que atendesse aos requisitos.
O governador afirmou que reabrir a economia neste momento colocaria em risco milhares de vidas.

Autorizar relaxamento agora seria colocar risco milhares de vidas, o sistema de saúde e, por óbvio, a recuperação econômica. Quero reafirmar aqui, em nome de todos os secretários, retomaremos sim, tão logo possível, na hora certa, no momento adequado. Esse momento, o mais triste da história do nosso país, vai passar. Vai passar se todo mundo ajudar.

Número de mortes cresce 193% e atrapalha plano de reabertura
O projeto de reabertura do comércio foi lançado em 22 de abril, com o nome de “Plano São Paulo”. A flexibilização das regras da quarentena foi condicionada à queda na curva de contaminação, testagem massiva de pessoas, alta taxa de isolamento social e disponibilidade de leitos no sistema de saúde. Nenhum dos critérios, porém, foi atingido.

Quando estes requisitos para a reabertura foram apresentados, o secretário estadual de Saúde, José Henrique Germann, afirmou em coletiva que todas as regiões eram consideradas áreas amarelas e vermelhas. Desde então, o número de casos da covid-19 aumentou 159%, e o de mortes, 193%. Além disso, a pandemia deixou de estar restrita à região da Grande São Paulo. Um estudo do Instituto Butantan divulgado ontem mostrou que 38 cidades passam a ter casos da covid-19 a cada três dias. A doença está em 371 dos 645 municípios paulista. A previsão é que até o final do mês todas as cidades tenham habitantes infectados. As UTIs dos hospitais da Grande São Paulo estão com 89% de ocupação.
A Secretaria de Saúde já falou em enviar pacientes para o interior e abrir negociação com hospitais privados, medida que a prefeitura de São Paulo já precisou adotar. Outro fator que impediu a reabertura dos negócios foi o isolamento social insuficiente.

Por fim, a taxa de adesão ao isolamento fechou em 47% nos últimos três dias, percentual insuficiente diante dos 55% vistos como necessários. O governador havia falado que cidades com menos de 50% estavam excluídas de qualquer possibilidade de reabertura do comércio. O estado monitora 104 municípios, e levantamento mostrou que 66 deles não atingiram o mínimo estipulado por Doria.

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