Sobe para 32 o número de lotes de cervejas da Backer contaminados, diz Ministério da Agricultura

Análises da pasta apontam 10 rótulos produzidos pela cervejaria com a substância tóxica dietilenoglicol.

O Ministério da Agricultura Pecuária e Abastecimento (Mapa) afirmou no sábado (18) que detectou mais 11 lotes de cervejas da Backer contaminados com a substância tóxica dietilenoglicol. Segundo o ministério, agora são 32 lotes identificados com a substância.

Dos 32 lotes, 23 são da cerveja Belorizontina, e os outros nove, de rótulos diferentes (veja lista abaixo). As duas novas marcas que foram identificadas contaminações são a Corleone e a Backer Trigo. As análises são realizadas pelos Laboratórios Federais de Defesa Agropecuária.

  • Backer D2
  • Backer Pilsen
  • Backer Trigo
  • Brown
  • Capitão Senra
  • Capixaba
  • Corleone
  • Fargo 46
  • Pele Vermelha

A empresa disse que já está fazendo o recall determinado pelas autoridades.

O Mapa disse ainda que analisa se mais duas bebida produzidas pela Backer, uísque e gim, estão contaminados com as substância tóxicas dietilenoglicol e monoetilenoglicol. Caso seja encontrada alguma irregularidade, essas bebidas também podem ser recolhidos, segundo o Mapa.

A Backer diz que a água usada na produção do gim Lebbos e do uísque Três Lobos não é a mesma do processo cervejeiro. Segundo a empresa, o acréscimo da água no gim é realizado fora da fábrica, por um fornecedor.

Quanto ao uísque, disponível hoje no mercado, a Backer disse que ele foi engarrafado em julho de 2018, com entrada no barril cinco anos antes.

Monoetilenoglicol e o dietilenoglicol são substâncias parecidas, resultantes de um mesmo processo químico e bastante usados na indústria como anticongelantes. Sua temperatura de ebulição é acima de 190ºC e a de fusão, abaixo de -10ºC.

Eles são usados como arrefecedores de radiadores de carros e também em fluidos hidráulicos e solventes de tintas.

São substâncias de cor clara, viscosa, que não têm cheiro e que têm um gosto adocicado. Embora ambas sejam tóxicas para os seres humanos, o dietilenoglicol é ainda mais nocivo para a saúde humana.

LOTES CONTAMINADOS

Backer D2 L1 2007

Backer Pilsen L1 1549 / L1 1565

Backer Trigo – L1 1598

Belorizontina L2 1197 / L2 1348 / L2 1354 / L2 1455 / L2 1464 / L2 1474/ L2 1487 / L2 1546 / L2 1557 / L2 1593 / L2 1604 / L882/ L2 1467/ L2 1521/ L2 1534/ L2 1574 / L2 1552 / L2 1593 / L2 1546

Brown 1316

Capitão Senra L2 1571 / L2 1609

Capixaba L2 1348

Corleone 1121

Fargo 46 L1 4000

Pele Vermelha L1 1345 / L1 1448 / 1284

ÓBITOS

O dietilenoglicol é uma substância tóxica e que não pode entrar em contato com alimentos e bebidas. A presença da substância na cerveja está associada à ocorrência de óbitos e intoxicações em Minas Gerais.

Na quinta-feira (16), a Secretaria de Saúde de Minas Gerais confirmou, a quarta morte por ingestão de dietilenoglicol. A vítima é uma mulher que morreu no dia 28 de dezembro em Pompéu, interior do estado.

A primeira das quatro mortes por intoxicação já reconhecidas pela Polícia Civil foi registrada na noite de 7 de janeiro, em Juiz de Fora. Exames a que a vítima foi submetida antes de morrer confirmaram a presença do contaminante no sangue. O homem, cujo nome e idade não foram oficialmente confirmados, foi sepultado no município mineiro de Ubá.

Todos os pacientes internados devido à síndrome nefroneural apresentaram insuficiência renal aguda de evolução rápida, ou seja, que levou a pessoa a ser internada em até 72 horas após o surgimento dos primeiros sintomas, e alterações neurológicas centrais e periféricas, que podem ter provocado paralisia facial, embaçamento ou perda da visão, alteração sensório, paralisia, entre outros sintomas.

INVESTIGAÇÃO

A Polícia Civil não descarta nenhuma hipótese, nem mesmo a suspeita de que um ex-funcionário demitido pela Backer possa ter agido por vingança. “Não posso afirmar se foi uma sabotagem ou um erro. Ainda não é o momento da investigação para isso”, disse o delegado Flávio Grossi. “Hoje, o que afirmamos é que os elementos tóxicos encontrados nas garrafas [de cerveja], no sangue das vítimas e dentro das empresas [provém] de produtos em comum. Acreditamos que houve crime. Por isto instauramos um inquérito policial”, disse o delegado.

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