Conciliador, Mourão se põe como alternativa moderada

Vice-presidente adota cartilha liberal na economia, prega estado mínimo e convergência política para plateia em São José, descolando-se do tom mais conflituoso do clã Bolsonaro.

Alvo de críticas do presidente Jair Bolsonaro e do filho Carlos Bolsonaro, vereador no Rio de Janeiro, o vice-presidente Hamilton Mourão vem construindo imagem de opção para o eleitorado brasileiro, medida que se acentuou nas últimas semanas com viagens dele pelo Brasil.

Na última quarta-feira, ele esteve em São José dos Campos para palestra em um hotel na região central, em um evento fechado da Loja Maçônica Arca da Aliança.

Mais de 200 pessoas estiveram presentes.

Mourão parece adotar um “distanciamento estratégico” da família Bolsonaro ao se colocar como opção no campo conservador da política nacional, com mais diplomacia e tendência à conciliação do que o núcleo duro bolsonarista.

Os ataques a Mourão começaram em abril deste ano, quando Carlos Bolsonaro foi ao Twitter, por três dias seguidos, criticar o vice-presidente. Em uma mensagem, ele escreveu: “Vice contraria ministros e agenda que elegeu Bolsonaro presidente”.

Também durante o mês de abril, o próprio Bolsonaro declarou que Mourão agiria como um “presidente paralelo”.

Na semana passada, o presidente voltou a criticar Mourão durante encontro com deputados do PSL para anunciar a saída do partido. Bolsonaro disse que deveria ter escolhido o príncipe Luiz Philippe de Orleans e Bragança para vice, e não Mourão.

Sem entrar em confronto, Mourão adota uma postura de convergência e mantém a audiência cativa por onde passa, pregando um estado eficiente, menos inchado e mais seguro.

Ele reza pela cartilha liberal do ministro Paulo Guedes, homem forte do governo Bolsonaro, no entanto garante que nada pode ser feito fora da democracia e do estado de direito, além de criticar duramente os governos petistas.

“O trio incompetência, má gestão e corrupção andou pelo Planalto e a sociedade se sentiu vilanizada, atacada, não representada por aquelas pessoas que havia depositado confiança”, afirmou Mourão em São José.

“Os políticos deixaram de ser respeitados, e têm que voltar a conquistar [o respeito] pelo trabalho, retidão de caráter, na busca de soluções dos nossos problemas, independente do partido a que sirvam”.

General defende um Brasil ‘pragmático e flexível’ e que busque a ‘convergência’

Sem atacar diretamente os bolsonaristas mais inflamados, como os filhos do presidente, Hamilton Mourão não deixou de criticar a polarização que marca a política brasileira, durante palestra em São José. Na política externa, disse que o país precisa ser “pragmático e flexível”. “Diplomaticamente, se deve buscar o equilíbrio de poder. Toda vez que é rompido, há problemas”.

Segundo Mourão, há uma crise na democracia liberal, contestada em vários países do mundo. Ele disse que não se deve esperar “um salvador da pátria”. “Somos nós que temos que resolver”. Mourão não deixou de criticar a confusão causada na internet, crítica indireta ao clã Bolsonaro. “Pessoas esclarecidas replicam notícias que só causam confusão”.

Fonte: O Vale

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