Índice de mortes por feminicídio bate recorde na RMVale, aponta a SSP

Número de casos de feminicídios em 2019 já é o maior da série histórica da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo representa 40% do total de mortes desde 2015; perfil das vítimas mostra maioria de solteiras e brancas.

Nesta semana, uma mulher foi morta a facadas pelo próprio companheiro, na zona sul de São José dos Campos. O agressor se matou em seguida. Eles eram casados há mais de 20 anos.

O que parece ser enredo de história de terror vai virando a triste realidade no Vale do Paraíba, que vê escalada dos casos de feminicídio.

De janeiro a novembro do ano passado, 10 mulheres foram mortas na região em ocorrências de feminicídio, como esse narrado na abertura desta reportagem.

O número é maior do que em todo o ano de 2018 (sete mortes) e o dobro dos casos registrados em 2017 (cinco).

Nos demais anos da série histórica da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), disponível no portal da transparência, também as ocorrências foram em menor número do que em 2019: duas mortes em 2016 e apenas uma, em 2015.

Ou seja, os 10 casos de 2019 –que ainda não contabilizou o mês de dezembro– rivalizam com as 15 mortes registradas na região entre 2015 e 2018. No total, até novembro de 2019, a região registra 25 casos de morte de mulheres.

“Vivemos numa sociedade muito violenta, com aumento dos casos de misoginia, machismo e intolerância. A mulher é a parte mais frágil nessa história e muitas estão pagando com a vida por não aceitarem essa situação. Não podemos nos calar frente à violência”, disse Dora Soares, que é cientista Política e Social e militante feminista.

PERFIL.

Mulheres brancas (72%), solteiras (52%) e com o ensino médio completo (20%) compõem o perfil mais comum das vítimas de feminicídio na região entre 2015 e novembro de 2019. Quanto à escolaridade, as vítimas com o ensino fundamental completo foram 16% dos casos. Mesmo percentual das mulheres mortas registradas como pardas.

Quanto ao local do crime, 68% das mortes ocorreram na própria residência da vítima, com a via pública em seguida (16%).

Em três casos, o autor do crime se matou em seguida.

As casadas foram 16% das vítimas e as mulheres em união estável, 8%.

Em quase todos os casos, a morte foi causada por conflito no relacionamento amoroso, como ciúme, rejeição ao término ou sentimento de posse.

São José dos Campos lidera o número de casos na região nesses cinco anos, com oito mortes de mulheres (32%), seguida de Ubatuba (20%), Pindamonhangaba (12%) e Guaratinguetá (8%). Taubaté registrou dois casos de feminicídio e Jacareí, um.

ESTADO.

No estado, a SSP registrou 383 homicídios de mulheres em 2019, até novembro, sendo 155 casos de feminicídio.

Na comparação com 2018, no mesmo período, os casos totais de morte de mulheres caíram 7,26% no ano passado. Em 2018, foram 413 ocorrências.

Mas os registros de feminicídio subiram 28% no mesmo período: de 121 para 155.

Fonte: O Vale

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