Melissa Mollinaro é a primeira mulher trans registrada no cartório de Lavrinhas
Na última quinta- feira (17), Melissa Mollinaro foi a primeira transgênera a ser registrada no cartório de Lavrinhas, conforme sua identidade de gênero. A jovem de apenas 20 anos tem um canal no Youtube chamado “Fala Menina Trans”, onde fala sobre vida e sobre transgeneridade.
Nascida com uma identidade que não a reconhecia, Melissa questionava seu gênero desde criança, mas apenas aos 16 anos decidiu assumir para si o que sentia. Dois anos depois, assumiu para os pais.
“Aos 18 anos me assumi uma menina trans para minha família. No começo foi difícil para mim e para os meus pais, mas com o tempo foram entendendo o que eu estava passando”, confessa Melissa.
O conceito da transgeneridade ainda é um tabu para a ala mais conservadora. A psicóloga Alessandra Maria Cardoso da Silva nos explica que para se compreender o significado da transgeneridade é necessário ter em mente que os debates de gênero deslocam as discussões do campo biológico ao campo social. Alessandra é mestranda em Educação Sexual pela Unesp/Fclar em Araraquara.
“Nessa perspectiva, as transidentidades (incluo aqui, transgêneros, drag queens, drag kings, queers, dentre outras) dizem respeito a indivíduos que cruzam as fronteiras das normas regulatórias de gênero – do que é ser uma mulher ou um homem. Não necessariamente os órgãos sexuais estão ligados ao gênero (como a pessoa se identifica: como homem ou mulher), ou mesmo a orientação sexual ( ex: nasci com órgão sexual masculino e supostamente, de forma automática me atraio pelo sexo oposto)”, declara a psicóloga.
Buscando legitimar sua existência, Melissa passou a pesquisar os procedimentos para que pudesse registrar sua identidade. Após passar dias pesquisando na internet, a jovem tomou conhecimento de uma cartilha com orientações sobre o processo de registro. Seguindo os passos legais, Melissa Mollinaro deixou clara sua existência.
Segundo a psicóloga, “o nome social é uma conquista para as pessoas trans, é uma forma de legitimar a existência, uma forma de expressar que estes ‘corpos’ existem e podem viver em liberdade e isso é muito importante do ponto de vista psicológico”. Alessandra ainda completa ao afirmar que “diante do cenário atual, o nome social significa ainda o aumento da visibilidade e das demandas específicas das pessoas trans, pois, por meio das discussões e da visibilidade, podemos engendrar mudanças em todos os seguimentos sociais: sistema de saúde, jurídico , escolar, legislativo e etc”.
Nos próximos anos, Melissa pretende participar de concursos de beleza e passar pela cirurgia de redesignação de sexo.
Por: Redação
Foto: Arquivo Pessoal