Guaratinguetá vai usar hidroxicloroquina para tratar pacientes com sintomas leves de Covid-19

O prefeito de Guaratinguetá, Marcus Soliva (PSB), anunciou que a cidade vai começar a tratar pacientes com sintomas leves de Covid-19 com hidroxicloroquina. A medida será aplicada com a doação de 20 mil comprimidos da medicação por um laboratório.
O anúncio foi feito na sexta-feira (15) nas redes sociais e vem em meio a uma onda de contestações científicas aos tratamentos com hidroxicloroquina e cloroquina. Em um estudo publicado na quinta-feira (14), cientistas chineses mostram que a hidroxicloroquina não é mais eficiente do que o tratamento padrão (sem o medicamento) da Covid-19 em pacientes leves a moderados.
Diversos estudos científicos têm mostrado que a cloroquina não tem eficácia no tratamento do coronavírus. Diferente da hidroxicloroquina, a cloroquina só pode ser ministrada em hospitais. Já a primeira, pode ser usada em pacientes em isolamento social.
Segundo o chefe do executivo, além da doação, o laboratório Sigma Pharma também doou na sexta-feira (15) 1 mil comprimidos de azitromicina, antibiótico usado no tratamento de várias infeções bacterianas e de forma complementar em tratamentos com hidroxicloroquina.
A quantidade é suficiente para tratamento de 200 pacientes, segundo o prefeito e a prescrição de ambas medicações começarão assim que foram entregues, já que equipes médicas estão em treinamento. A ação dividiu opinões dos internautas.
“Temos uma situação de pandemia, de risco real de morte de pacientes, que se não tiverem atendimento diferenciado vão acabar na UTI. O caminho que tomamos foi tratar para que evite que o paciente vá para a UTI, já no início da infecção, na primeira fase na qual o vírus se multiplica no organismo e dura até sete dias”, disse o prefeito.
Diante das contestações ao uso da hidroxicloroquina, ele cita o estudo do professor Paolo Zanotto, do Departamento de Microbiologia do Instituto de Ciências Biomédicas (ICB) da Universidade de São Paulo (USP), um dos que o município se baseou para adotar o uso da medicação.
“O momento ideal para se aplicar o medicamento é entre o segundo e o quarto dia. Para isso precisamos fazer um diagnóstico, com uma análise clínica e toda a equipe está recebendo treinamento para identificar”, explica o prefeito.
De acordo com ele, as equipes que fazem atendimento domiciliar que identificarem um paciente com o quadro da doença, como perda de paladar, já poderão ministrar a medicação mediante a assinatura de um termo pelo morador.
“A realidade que nós temos hoje no momento é a hidroxicloroquina. Não podemos esperar e dizer ‘a partir de outubro ou novembro vamos ter outro remédio’. Muitas vidas seriam perdidas até lá. Se fosse proibido, não seria ministrado para estes casos”, disse Soliva.

O QUE DIZ O MINISTÉRIO DA SAÚDE
Procurada pela reportagem, a pasta informou que “autorizou e tem disponibilizado, desde março, o uso da cloroquina para pacientes com formas graves ou críticas da Covid-19. A resolução do Conselho Federal de Medicina (CMF) aponta que fica a critério do médico a prescrição do medicamento mesmo em casos leves da doença”.
Segundo a nota, não se trata de uma recomendação do Ministério da Saúde, que deve ocorrer na medida em que as evidências científicas avancem em relação a eficácia do medicamento. Assim, os gestores locais podem utilizar a cloroquina, tendo como base a recomendação da pasta e do CFM.

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