TECNOLOGIA NACIONAL: EMPRESAS DE SÃO JOSÉ DOS CAMPOS (SP) VÃO PRODUZIR LANÇADORES DE SATÉLITE PARA A AGÊNCIA ESPACIAL BRASILEIRA
Contrato de R$ 370 milhões foi assinado nesta semana, em Brasília. Objetivo é construir dois foguetes com 12 metros de altura para lançar nano satélites em órbita terrestre baixa.
Duas empresas de São José dos Campos, no interior de São Paulo, foram selecionadas para construir lançadores de satélites para a Agência Espacial Brasileira (AEB).
O contrato de R$ 370 milhões foi assinado em Brasília, na última quarta-feira (13) e firmado com dois consórcios compostos por quatro empresas – cada um ficará responsável pela produção de um lançador. Entre as oito empresas, duas são de São José.
O objetivo do projeto é construir ‘Veículos Lançadores de Pequeno Porte’, como o lançador é chamado tecnicamente, para lançar nano satélites em órbita terrestre baixa. O edital prevê prazo de três anos para construção.
“O que a gente pretende é dar aquele empurrão final para que a gente domine todo o ciclo de desenvolvimento de veículos lançadores. Se em algum momento da segunda metade dessa década esses objetos estiverem operando, eu diria que é um sucesso relevante para o nosso programa espacial”, explicou o coordenador da Agência Espacial Brasileira, Rodrigo Leonardi, em entrevista à TV Vanguarda.
Com isso, todo o processo tecnológico será nacional, desde o satélite até o lançamento. Isso faz com que o programa espacial brasileiro se torne mais relevante no contexto mundial, já que o Brasil ainda não tem veículos capazes de lançar tais satélites.
Além disso, o projeto traz diversos outros benefícios a longo prazo. Ele pode provocar grandes avanços nas áreas da saúde, indústria, energia e agricultura.
Na prática, proporciona maior entendimento das mudanças climáticas, por exemplo. Outro ganho é com sistemas de GPS e internet, que usam dados de satélites como os que serão lançados pelos veículos.
O lançador
Os foguetes, considerados de porte pequeno, terão 12 metros de altura e serão capazes de carregar até 30 quilos.
Confira as principais características do equipamento:
- Capacidade total em órbita baixa: até 30 kg
- Diâmetro: 1 m
- Altura: 12 m
- Massa de decolagem: 9,9 t
Com o avanço da tecnologia, os satélites estão cada vez menores, o que possibilidade também a construção de lançadores menores. Confira os principais satélites brasileiros que estão em órbita no momento:
Amazônia 1 (2021)
- Câmera de 180 quilos
- Previsão de imagem de 20 metros
VCUB 1 (2023)
- Câmera de 3,5 quilos
- Previsão de imagem de três metros
“O que vem acontecendo é que os satélites vêm reduzindo de tamanho, por conta do avanço da tecnologia”, explica Joselito Rodrigues Henriques, vice-presidente de pesquisa, desenvolvimento e inovação da Akaer, uma das empresas de São José dos Campos selecionada para o projeto.
“O acesso ao espaço é muito importante. Para nós é um desafio tecnológico grande, mas também uma alegria em poder colocar o Brasil com um pé nessa tecnologia de lançadores”, completa.
Uma outra empresa da cidade também faz parte do programa. A imagem abaixo mostra um esboço desenvolvida pela empresa do lançador que vai ser construído. Nessa maquete ele está 50 vezes menor.
“A gente consegue aproveitar o máximo da capacidade industrial brasileira em cada empresa, conforme a sua especialidade. Isso para o Brasil significa um aumento de tecnologia, de capacidade de mão de obra e de bem-estar para toda a sociedade”, Raphael Galate, engenheiro da Cenic, a outra empresa de São José que integra o projeto.
Fonte: G1