VALE TEM ALTA DE 150% EM MORTES POR CONFRONTO COM A POLÍCIA EM 2023, MAIOR AUMENTO DE SP
Aumento ocorre após a região registrar, em 2022, a menor quantidade de mortes em confronto desde 2013
O Vale do Paraíba registrou a maior alta na quantidade de mortes em confronto com as polícias de todo o estado de São Paulo, com um acréscimo de 150% nos óbitos no primeiro semestre deste ano na comparação com o mesmo período do ano passado.
De acordo com os dados oficiais da SSP (Secretaria de Estado da Segurança Pública), a RMVale registra 10 mortes por resistência nos primeiros seis meses de 2023 contra quatro em igual período do ano passado, mais do que o dobro.
O aumento percentual no Vale é o maior entre todas as regiões do estado. A segunda região com a maior alta percentual é Piracicaba, com 14 mortes contra seis – 133%. Na capital, o indicador passou de 92 para 104, um aumento de 13%.
Na região de Campinas, o número de mortes em confronto com as polícias manteve-se o mesmo nos dois anos, com 11 óbitos por confronto. Já na região de Sorocaba, o indicador caiu 78,5%, de 14 para 3.
RMVALE
Nos primeiros seis meses deste ano, 8 das 10 mortes na RMVale ocorreram em confronto com a Polícia Militar em serviço. Dois óbitos foram em confronto com a Polícia Civil – uma em serviço e a outra durante folga.
No ano passado, todas as quatro mortes na região ocorreram em confronto com a Polícia Militar em serviço.
O aumento de 150% na RMVale ocorre após queda nas mortes em confronto com as polícias no ano passado, quando a região encerrou o ano com 17 mortes por confronto e diminuição de 32% na comparação com 2021, que teve 25.
O recorde histórico do Vale foi registrado nos anos de 2020 e 2019, quando o Vale teve 38 e 30 mortes em confronto com as polícias, respectivamente. As 17 mortes de 2022 foram as mais baixas para a região desde os oito óbitos de 2013.
No ano passado, a redução das mortes em confronto com as polícias na região ocorreu após a instalação de câmeras corporais em policiais militares, medida iniciada no começo de 2021 pelo então governador de São Paulo, João Doria.
GUARUJÁ
A região da Baixada Santista registrou 20 mortes em confronto neste ano e 11% de aumento ante 2022. No entanto, os dados vão aumentar substancialmente quando forem contabilizados os óbitos decorrentes da Operação Escudo, realizada no Guarujá desde a última sexta-feira (28).
A SSP já confirmou 13 mortes na ação da polícia, que começou após execução de um policial militar da Rota (Rondas Ostensivas Tobias Aguiar) durante patrulhamento na região.
Segundo a SSP, 12 mortes aconteceram em Guarujá e uma em Santos. O número foi atualizado nesta terça-feira (1°). Além das mortes, a secretaria informou que foram presas 32 pessoas e apreendidos mais de 20 quilos de drogas.
OUVIDORIA
A Ouvidoria da Polícia do estado de São Paulo informou ter recebido relatos de atuação violenta por parte das forças de segurança paulistas no Guarujá. Há ainda relatos de ameaças à população das comunidades na cidade.
“Diversos órgãos de Direitos Humanos e movimentos sociais vêm relatando uma série de possíveis violações de direitos na região, à margem da legalidade, com indicativos de execução, tortura e outros ilícitos nas ações policiais na região, por ocasião da referida operação”, disse, em nota, o ouvidor da Polícia Claudio Silva.
“A morte violenta do soldado PM e dos civis são inaceitáveis. Nada e nem nenhuma assimetria se justifica quando se clama por justiça e segurança para todos.”
O ouvidor destacou justamente o “aumento de mortes em decorrência de intervenção policial naquela região após o início dessas ações, havendo necessidade de criteriosa apuração das reais circunstâncias e sua devida regularidade”.
Segundo ele, os relatos de moradores da região preocupam, ensejando ações de acompanhamento e prevenção por mecanismos de proteção de Direitos Humanos, no controle da atividade estatal.
Fonte: O Vale