COM JUROS EM ALTA, VOLKSWAGEN FREIA PRODUÇÃO NA FÁBRICA DE TAUBATÉ HÁ PELO MENOS QUATRO MESES

Desde março, montadora alemã vem adotando ferramentas de flexibilização para adequar volume de produção ao mercado. Na segunda-feira, VW anunciou layoff para 800 trabalhadores a partir de agosto.

A Volkswagen adota há pelo menos quatro meses medidas para reduzir a produção de carros na fábrica de Taubaté. As ações de flexibilização na produção são adotadas em meio ao cenário de alta de juros, que impacta o setor automotivo.

Desde o início do ano, foram adotadas paralisações, algumas delas parciais, por meio de medidas de flexibilização como férias coletivas, shutdown e dayoff, com duração de pelo menos 30 dias. Veja:

• Férias coletivas para 2 mil trabalhadores de 27 de março a 11 de abril;
• Férias coletivas para 900 trabalhadores de 11 a 20 de abril;
• Shutdown e dayoff para os funcionários entre 26 de junho e 3 de julho.
Agora, a montadora anunciou mais uma medida para adequar o volume de produção na unidade: um layoff (suspensão temporária dos contratos de trabalho) que, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos, afeta cerca de 800 funcionários.
Segundo a montadora, a suspensão temporária nos contratos de trabalho deve começar a partir de agosto e deve durar inicialmente dois meses.
A fábrica da Volkswagen em Taubaté tem cerca de 3,1 mil funcionários em três turnos para produção do modelo Polo Track, modelo de entrada da marca. Com o layoff, um turno de produção será suspenso.
“Isso é para poder ajustar a demanda junto ao mercado. Isso é uma ferramenta que já faz parte do nosso acordo, que é uma ferramenta de flexibilidade, que é para evitar qualquer tipo de demissão arbitrária da empresa”, afirmou Audrey Cândido, secretário geral do Sindicato dos Metalúrgicos.

FÉRIAS COLETIVAS, SHUTDOWN E DAYOFF
A decisão anunciada na segunda, no entanto, não é a primeira medida de flexibilização tomada pela montadora neste ano. Em um período de pouco menos de quatro meses, a Volkswagen efetuou outras quatro dessas medidas.
A primeira delas ocorreu no dia 27 de março, quando cerca de 2 mil trabalhadores da unidade entraram em férias coletivas. À época, a montadora alegou ao sindicato que a medida fazia parte de um pacote de flexibilidade previsto em acordo coletivo, ocorrido em junho do ano passado.
A ideia inicial das primeiras férias coletivas do ano era que elas durassem até o dia 11 de abril. No entanto, dias antes do fim do prazo, a Volkswagen anunciou a ampliação do período de férias até o dia 20 de abril, para um grupo de 900 funcionários.
Na ocasião, a montadora informou que a medida estava sendo tomada visando a manutenção na linha de produção da unidade e em razão da instabilidade na cadeia de fornecimento de componentes. Os trabalhadores retornaram após o feriado de Tiradentes, no dia 24 de abril.

Cerca de dois meses depois das duas férias coletivas aplicadas na unidade de Taubaté, a Volks informou aos funcionários a adoção de mais medidas de flexibilização, suspendendo a produção da fábrica por um período de oito dias.
A suspensão na produção foi adotada por meio de mecanismos chamados “shutdown” e “dayoff”, que aconteceram entre 26 de junho e 3 de julho, segundo o sindicato. A Volkswagen alegou que a parada foi necessária devido à estagnação do mercado.
Incentivo do governo
Antes do layoff atual, a Volkswagen havia cogitado aplicar a medida no início de junho deste ano. No entanto, a empresa voltou atrás após o Governo Federal anunciar o corte de impostos para reduzir o preço dos carros populares.
À época, em comunicado enviado para a imprensa, a montadora alegava que a suspensão do layoff era motivada ‘pelas novas perspectivas para a demanda de vendas no setor automobilístico’.

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