MAXION ADOTA REDUÇÃO DE JORNADA DE TRABALHO E SALÁRIO PARA EVITAR SETECENTAS DEMISSÕES
Crise nas montadoras afeta a indústria metalúrgica de Cruzeiro; acordo com o sindicato proíbe dispensas de funcionários até o dia 31 de dezembro
A indústria metalúrgica Iochpe Maxion emitiu um comunicado informando a necessidade de alteração no percentual de redução de jornada de trabalho e salário de 10% para 15%. A mudança afeta todas as áreas da Maxion Structural Components e deve ser aplicada no mês de julho.
Segundo o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Jacy Cleber Mendes, no mês de junho a fábrica adotou 10% de redução de jornada de trabalho e salário para todos os funcionários, mas devido ao agravamento da crise das montadoras, houve um aumento de 5% para cerca de três mil funcionários da Maxion Structural.
“A Maxion é dividida em duas lá dentro. A situação da Structural está pior. Agora a outra parte da fábrica, que são sete mil funcionários, continuará com o percentual de 10% de redução”, destacou Mendes.
Ainda de acordo com o sindicalista, a indústria chamou o órgão para uma conversa e foi feito um plebiscito com voto na urna. A proposta apresentada aos funcionários foi de R$ 4 mil de PRO (Programa de Resultados Operacionais), estabilidade de emprego até o dia 31 de dezembro deste ano, e redução de 10% da jornada de trabalho e salário, sendo que essa porcentagem poderia diminuir ou aumentar até 25% que é o valor máximo que a lei permite. A aceitação entre os colaboradores quanto a adesão da iniciativa foi de 92%. Caso a proposta não fosse aceita, o número de demissões poderia chegar a setecentos.
“Eu tenho até que dar os parabéns para a Maxion, porque ela está fazendo de tudo juntamente com o sindicato para não demitir ninguém. Ela usou todos os argumentos que a lei permite e não demitiu um pai de família”.
Em fevereiro deste ano, uma suposta demissão de aproximadamente seiscentas pessoas preocupou os funcionários, mas apenas cem pessoas foram desligadas da empresa. Mendes contou que a maioria que saiu da Maxion foram aposentados que pediram para sair, e que desde fevereiro não houve mais nenhuma demissão.
“Ontem algumas montadoras começaram a demitir. E aí vem o efeito cascata. A GM (General Motors) vai ficar dez meses com os funcionários em casa e o Governo pagando. E aqui (Maxion) faz muita peça para a GM, então acaba afetando Cruzeiro”, declarou o presidente do sindicato.
A empresa Maxion comunicou que acompanhará a evolução do mercado para tomada de decisão sobre os próximos meses, e que nos próximos dias as respectivas lideranças informarão os funcionários a respeito das escalas de trabalho.
Crise
A GM anunciou, na última quarta-feira (14), que pretende suspender o contrato de 1,2 mil trabalhadores, a partir do dia 3 de julho, e paralisar por até dez meses o segundo turno da fábrica de São José dos Campos.
Na medida conhecida como layoff, parte dos salários, até R$ 2,23 mil, é paga pelo Governo com recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador). Para ser implementado, é necessária a aprovação dos trabalhadores em assembleia.
No final de março, algumas montadoras de veículos instaladas no Brasil já anunciaram a paralisação de sua linha de produção e a adoção de férias coletivas para seus funcionários.
A GM parou as operações de sua fábrica de São José dos Campos do dia 27 de março até o dia 13 de abril. A fabricante afirmou que a paralisação se deu por ajustes na produção. A produção foi diminuída em 80%.
No dia 27 de março, a Volkswagen também parou as atividades pelo período de dez dias na sua fábrica em Taubaté para a manutenção na linha de produção e instabilidade na cadeia de fornecimento de componentes.
Fonte: Jornal Atos