CACHOEIRA DÁ INÍCIO AO “MUTIRÃO DE CONSULTAS” NA ESF DA MARGEM ESQUERDA

Objetivo é zerar a demanda causada ainda pelos reflexos da pandemia; pacientes reclamam da demora para marcar consulta e fazer exames

A secretaria de Saúde de Cachoeira Paulista lançou, na última quinta-feira (20), o projeto  “Mutirão de Consultas”. O programa, que teve início na ESF (Estratégia Saúde da Família) do bairro Margem Esquerda, tenta zerar a demanda reprimida causada ainda pelos reflexos da pandemia da Covid-19. Foram realizadas sessenta consultas para o grupo dos hipertensos e diabéticos.

De acordo com a diretora de regulação, Dra. Carmem Conti, que atua também na atenção básica auxiliando a organização das ESF’s, inicialmente, foram chamados para o mutirão aqueles que já possuíam consulta agendada e que estavam na fila de espera pelo atendimento.
“A ideia dos mutirões é diminuir essa demanda, para que isso reflita também na diminuição de consultas de especialistas, exames e também a demanda no pronto socorro. Iniciamos na Margem Esquerda por ser um dos bairros mais populosos de Cachoeira, mas pretendemos fazer mutirões em todas as unidades. Esse só foi o ínicio”,  frisou a médica.

A enfermeira Clarice de Andrade, que trabalha na ESF e participou do mutirão, destacou que das pessoas chamadas para o atendimento tiveram apenas cinco faltas. “Faremos uma busca ativa para saber o motivo da falta e reagendar uma nova data de consulta. Desse grupo que veio para consulta eles saíram com agendamento para participar do Hiperdia (hipertensos e diabéticos) que ocorrerá no dia 26 de Abril aqui na ESF da Margem”.

Além das consultas, está sendo realizada também a estratificação de risco dos usuários e de sua família e a atualização de cadastro nas unidades.

Ainda de acordo com Clarice, o programa Hiperdia tem o intuito de cadastrar e acompanhar pacientes hipertensos e diabéticos e através do cuidado especial fazer o controle das doenças e garantir uma melhor qualidade de vida aos pacientes.

A manicure, Leila Maria, de 46 anos, contou que fazia bastante tempo que estava aguardando atendimento e que o mutirão a ajudou a trocar a receita do remédio de pressão e solicitar alguns exames, como de endoscopia, preventivo e mamografia. “A receita do remédio vale por seis meses, e a minha e a do meu esposo já tinha vencido. Sem ela não temos acesso aos medicamentos. Antes a troca era feita sem passar por consulta, mas agora precisa e é onde às vezes demora um pouco e eu não posso ficar sem tomar o remédio”, ressaltou.

Apesar de conseguir solicitar os exames durante o mutirão, Leila espera agora a secretaria de Saúde agendá-los. “Os encaminhamentos vão para a secretaria de Saúde e lá fica. Se for caso de morte, morre viu. É difícil, você precisa ficar indo lá, reclamando, mas mesmo assim demora muito. Minha filha passou pelo neurologista em janeiro e ele pediu exame de sangue. O pedido subiu para a secretaria e até hoje nada”.

A enfermeira argumentou que não há especialistas nas unidades de Saúde e que quando há a necessidade de acompanhamento com especialista é realizado um encaminhamento médico para a Central de Regulação, que fica na secretaria de Saúde, onde é realizado os agendamentos. No caso do hipertenso, as consultas são com cardiologistas e para os diabéticos com endocrinologista e nefrologista.

Terezinha Dias de 63 anos, é outra moradora do bairro paciente que não participou do mutirão, mas também sofre com a demora para agendar exames e consultas. Ela fazia tratamento com um cardiologista e com a pandemia teve que parar. “Eu fui no postinho marcar consulta com o cardiologista, aí eles falaram que como fazia mais de dois anos que eu não estava passando nele eu tinha que fazer um novo encaminhamento. Fiz a consulta com a clínica-geral no postinho da Margem. Fiz um raio x e um eletrocardiograma  particular. Passei na médica novamente e ela disse que deu alterações no meu exame e deu um encaminhamento para eu passar no cardiologista”.

Segundo Terezinha, o encaminhamento está parado desde fevereiro. Ela alegou que precisa passar pelo especialista, pois toma dois tipos de remédio de pressão e tem casos da doença na família, mas que cansa de ligar na secretaria e ninguém atende. “Eu não estava me sentindo bem. Tava sentindo umas dores no peito, uma falta de ar. Meu pai faleceu disso, e meu irmão infartou. Se tiver que morrer, morre”.

Fonte: Jornal Atos

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