‘Tenho medo e não saio mais de casa’, diz jovem que perdeu um rim após ser baleada pelo ex em Taubeté
Relato da jovem sobre violência, que ocorreu em abril em Taubaté, viralizou nas redes sociais. Ex chegou a ser preso, mas foi solto.
Gabriela Montagnoli, de 20 anos, está se recuperando de uma tentativa de feminicídio que sofreu no mês de abril, em Taubaté. A jovem, que perdeu o rim esquerdo devido a um disparo feito pelo ex-namorado, conta que tem medo de sair de casa.
“Eu sinto medo, não consigo nem sair de casa, tanto pelas lesões, quando pelo medo da situação que eu passei, eu não esperava isso dele”, disse a jovem a reportagem.
Ele chegou a ser preso, mas foi liberado. A defesa dele alega que o disparo foi acidental.
COMO ACONTECEU
No dia 24 de abril, Gabriela e o ex-namorado tinham se encontrado para conversar. Apesar de saírem juntos, tiveram algumas discussões. Ele estava com uma arma e teria mostrado e apontado para a cabeça dela. Após uma confusão na adega em que estavam, ela conta que ele chegou a dar um tiro para cima.
“Eu ainda estou em recuperação, o médico disse que vou ficar meses assim, minha rotina mudou totalmente”, conta.
Gabriela não queria mais ficar no local e estava indo embora, quando ele a abordou e discutiram mais uma vez, quando ele teria atirado contra ela. A jovem conta que a perfuração foi à queima roupa.
“Eu que sempre lutei pela minha independência, hoje dependo das pessoas até para tomar um banho. Eu apenas quero que a Justiça seja feita”, disse em um desabafo que viralizou nas redes sociais.
O QUE DIZ A DEFESA DELE
A defesa dele alega que o tiro foi acidental, porque ele era destro e sofreu um acidente. De acordo com a versão, ele estava em período de adaptação no uso da mão esquerda e que supostamente não teria nenhuma testemunha ocular que comprovasse a intenção do tiro contra ela.
Preso provisoriamente no dia do crime, o jovem foi solto no dia 29 de abril, após uma manifestação do Ministério Público que aponta que não existiriam motivos para manter o jovem preso. O caso segue em investigação.
O RELACIONAMENTO
A família da vítima não aceitava o relacionamento dos dois e Gabriela conta que eles brigavam constantemente – muitas vezes motivadas por ciúme da parte dele.
“A gente se conheceu em uma tabacaria, no começo ele era um amor, mas depois de um mês ele começou a mudar, a gente brigava muito”, explica a jovem.
Nos cinco meses que ficaram juntos, ele, segundo ela, já teria a ameaçado com um facão e dado um soco na cabeça da jovem. Após o término, eles mantiveram contato por aplicativo de mensagens como amigos. Ela relata crises de ciúme dele mesmo após o fim da relação.
Gabriela passa por reabilitação para voltar a andar sem dificuldades e fazer as atividades do cotidiano. A jovem estudava em um curso técnico de enfermagem e também trabalhava em uma empresa.