Vice-prefeito de Atibaia diz que arma estava na cintura do atirador e que não deveria ter iniciado briga: ‘Me arrependo’
Ele foi baleado na perna por um comerciante da cidade no domingo (13). Vídeo feito por câmera de segurança mostra que político agrediu homem com um soco e o comerciante revidou com tiros. Empresário foi preso por tentativa de homicídio em flagrante.
O vice-prefeito de Atibaia (SP), Fabiano Batista de Lima (PL), falou nesta terça-feira (15) sobre a briga com um comerciante da cidade, que terminou com o político baleado na perna e o empresário preso por tentativa de homicídio. Ele diz que se arrepende de ter iniciado as agressões e contesta a versão de que, após ter dado o soco no rosto, o homem foi até o carro pegar uma arma. Segundo Fabiano, o atirador já estava com uma arma na cintura.
“Com certeza me arrependo. Com a cabeça mais fria hoje, não faria isso, não é uma atitude minha. Sou um cara de paz, um cara tranquilo. Estava visitando meus avós próximo da casa do indivíduo”, disse.
O caso ocorreu no domingo (13). Um vídeo feito por uma câmera de segurança mostra que o vice-prefeito chega ao local por trás do homem e inicia a agressão com um soco no rosto. Após os socos, Júnior Humberto de Oliveira, que é conhecido como Juninho do Hot-dog, pega uma arma e faz disparos contra Fabiano de Lima. Ele foi atingido na perna, mas conseguiu fugir.
O político chegou a ficar internado no hospital Albert Sabin, mas nesta terça-feira esteve de volta na prefeitura.
VERSÕES SOBRE A ARMA
A defesa do comerciante alegou que após ser agredido com socos pelo político, ele foi até o carro e pegou uma arma no porta-luvas. O vice-prefeito contesta a versão.
“Ele inventou em quatro segundos, que a gente some da imagem ali, que eu dou facada, que ele consegue entrar no carro, abrir o porta-luvas e pegar a arma. Na verdade é tudo mentira. Ele estava com a arma na cintura. A gente acredita que com a perícia vai ser provado isso”, disse.
Procurado pela reportagem, o advogado Danilo Gerage, responsável pela defesa de Juninho, disse que não vai se pronunciar sobre isso. Ele sustenta que o cliente agiu em legítima defesa.
MOTIVO DA BRIGA
O motivo para a briga que terminou com uma tentativa de homicídio teria sido um vídeo. O vice-prefeito abriu recentemente um restaurante com a esposa. O empresário alegava uma suposta fraude envolvendo o político, e passou a divulgar vídeos sobre o assunto.
As imagens, postadas nas redes sociais, deram início a uma discussão entre eles. Em conversas por aplicativo, o vice-prefeito disse que iria até a casa de Júnior, que o esperou no portão. Fabiano disse que ficou nervoso ao ver os ataques dirigidos à esposa.
“De ver minha esposa nervosa, chorando, por saber de tudo o que ela conquistou e batalhou, acabei ficando eu nervoso. Ele falou inverdades lá, só que o restaurante é um prédio locado, um arrendamento com tudo dentro. Tudo o que está dentro não é nosso. Quem é da cidade conhece, sabe como era o restaurante antes”, disse o político.
QUEM É O ATIRADOR?
Júnior Humberto de Oliveira é comerciante em Atibaia. Ele tem uma página em uma rede social que, segundo o próprio texto de apresentação, traz “conteúdo polêmico, denúncias, notícias e coisas engraçadas”.
A arma usada no crime estava regularizada, mas foi entregue à Polícia Civil para perícia. De acordo com a polícia, o agressor teve, no último ano, pelo menos dez boletins de ocorrências feitos por diferentes vítimas por acusações de injúria, calúnia, difamação e ameaça. Além disso, responde a três processos de indenização por danos morais por publicações na rede social.
Após ele atirar contra o vice-prefeito, ele fez uma transmissão ao vivo no Facebook no qual se justificou.
Após os disparos, o vice-prefeito foi socorrido e o comerciante chamou a Polícia Militar. Na delegacia, o caso foi registrado como tentativa de homicídio e Júnior foi preso em flagrante.
Na segunda-feira (14) a Justiça determinou a prisão preventiva de Junior. Ele vai responder preso à acusação de tentativa de homicídio em flagrante. Ele estava na cadeia de Piracaia e seria transferido para o Centro de Detenção Provisória (CDP) de Jundiaí. A defesa informou que vai recorrer e reiterou que o caos se trata de legítima defesa.
Questionada se adotaria alguma medida contra o vice-prefeito, a Prefeitura de Atibaia informou que não há amparo legal para punir o político porque ele estava fora do exercício da função quando o caso aconteceu.
(G1 Vale do Paraíba e Região)