Funcionários da Ford temem desemprego após montadora anunciar fim da produção

Fechamento da fábrica em Taubaté implica na demissão de 830 funcionários, segundo Sindicato dos Metalúrgicos.

Funcionários da fábrica da Ford em Taubaté (SP) temem o desemprego após a montadora anunciar o fim da produção de veículos no Brasil. Em meio à pandemia da Covid-19, os trabalhadores lamentam a decisão da empresa que deve causar a demissão dos 830 funcionários da unidade no interior de São Paulo.
A Ford está na cidade há 52 anos e empregou milhares de moradores ao longo dos anos com a produção de motores e transmissões. A montadora faz parte de uma das bases da economia em Taubaté, que é o setor automobilístico e de autopeças – desenvolvidos a partir das fabricantes de automóveis.

A metalúrgica Rita Santos tem 45 anos e é funcionária da empresa há 16. Na linha de produção, construiu a carreira profissional e criou a filha, uma adolescente com 13 anos. Ela conta que foi surpreendida com o anúncio do fechamento.
“Era um sonho, todo mundo queria trabalhar em uma montadora. As condições financeiras, salário alto, metalúrgico antes ganhava um excelente salário. É um choque. Nunca imaginei que isso fosse acontecer”, comenta.
Já Jocilene da Silva entrou em uma terceirizada que atua dentro da Ford em 2006. Seis anos depois, ela conseguiu uma vaga direta na montadora e agora vê o sonho se encerrando.
“Eu vim de Minas para construir uma vida aqui. A gente tem projetos, aí você depende do emprego e do nada vem essa notícia. É muito complicado”.

O funcionário Leandro Monteiro tem três filhos e conta que, com o fechamento da fábrica, teme que a família fique desamparada.
“É um baque. Assim como todos os trabalhadores, a gente não esperava isso. A gente sabia que o momento era difícil, mas isso que a fábrica fez é inadmissível. Em nenhum momento, pensou nos funcionários, nas famílias”, comentou.
Os funcionários foram informados na segunda-feira (11) da decisão pelo Sindicato dos Metalúrgicos. A empresa havia colocado os trabalhadores em licença remunerada e eles voltariam apenas na quarta-feira (13).
Desde o anúncio da medida, um grupo permanece em vigília em frente aos portões da fábrica para evitar a movimentação de saída de peças ou maquinário.
De acordo com os funcionários, eles esperam que, apesar do fechamento, a empresa aguarde o prazo do acordo de estabilidade, que seguiria até 31 de dezembro.

VIGÍLIA
Um grupo de funcionários da Ford faz vigília em frente à fábrica em Taubaté após a decisão da montadora em encerrar a produção no Brasil.
A mobilização dos funcionários nas portarias da fábrica tem como objetivo tentar impedir uma possível saída de maquinário e peças da unidade. Um grupo de trabalhadores está mobilizado desde a noite de segunda-feira no local.
Em assembleia nesta terça-feira (12), o sindicato definiu mobilizações com funcionários em reação ao fechamento da empresa. A categoria vai cobrar o cumprimento de um acordo que prevê a estabilidade dos empregos até o fim deste ano.
“Temos um acordo feito há mais de dois anos em que discutia data-base, PLR, flexibilidades e isso garantia manutenção do emprego até dezembro de 2021. Tem um acordo que garante a estabilidade”, disse Claudio Batista, presidente do Sindicato.
Representantes sindicais vão buscar reuniões com os governos municipal e estadual para tentar negociar a reversão do encerramento da planta.
Em assembleia, o sindicato ainda informou que, caso não haja negociação sobre as demissões, que vai apresentar como demanda a criação de um fundo para os funcionários no Brasil ,onde seria depositado valores de lucro de venda e produção em países como a Argentina.
A entidade reforçou que ainda não esteve com representantes da Ford e que não houve negociação antes do anúncio, tendo sido surpreendidos pela medida. Em Camaçari (BA), os funcionários também protestam contra a decisão da Ford.

ENCERRAMENTO
A Ford anunciou na segunda-feira (11) o fechamento imediato da planta em Taubaté e o encerramento da produção no Brasil. A decisão implica na demissão de 830 funcionários na produção de motores e transmissões na cidade, segundo o Sindicato dos Metalúrgicos.
Em Taubaté, a montadora vinha passando por dificuldades e adotando medidas diante do cenário econômico, como paralisação da produção, redução de salários e jornadas e demissões.
Em comunicado, a marca diz que a decisão foi tomada “à medida em que a pandemia de Covid-19 amplia a persistente capacidade ociosa da indústria e a redução das vendas, resultando em anos de perdas significativas”.

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