Com Festival de Inverno incerto, turismo de Campos do Jordão teme prejuízo de R$ 300 milhões

Sem turistas na cidade, por causa da pandemia do novo coronavírus, associações da Serra da Mantiqueira pedem apoio para que temporada não seja perdida.

A temporada de inverno se aproxima cercada de incertezas em Campos do Jordão, na Serra da Mantiqueira. O tradicional Festival Internacional de Inverno de Campos do Jordão, que começaria em junho, foi adiado para o mês de agosto, mas ainda não há certeza de que o evento será realizado, uma vez que a pandemia do coronavírus segue tendência de alta na região. Com isso, empresários da cidade temem prejuízo de mais de R$ 300 milhões nesta temporada.
Nos últimos dias, associações e empresários, que estão ligados ao turismo da Serra da Mantiqueira, enviaram um ofício ao governo municipal como pedido de socorro.
As associações Cozinha da Mantiqueira, que reúne restaurantes da região, juntamente com a Hotelaria e Gastronomia, e o Convention & Visitors Bureau temem um prejuízo que pode ultrapassar o valor de R$ 300 milhões nesta temporada.
Em 2019, de acordo com estudo realizado pelo governo do estado (veja detalhes dos números abaixo), somente o Festival de Inverno foi responsável por movimentar R$ 130 milhões. O grupo ainda classifica como “perdidos”, os feriados de Páscoa, Tiradentes e Dia do Trabalho.
“Somando esses três feriados, temos a expectativa de prejuízo no turismo em R$ 150 milhões. Esse número cresce enquanto a retomada não é iniciada. Para não perdermos a temporada por completo, precisamos de auxílio e de uma garantia que o festival aconteça. Um fim de semana de junho, por exemplo, representa impacto de R$ 50 milhões”, declarou Luiz Fernando Peretti, Presidente da Cozinha da Mantiqueira.
De acordo com levantamento do Sinhores (sindicato da categoria de hotéis e restaurantes), o turismo de hotéis, pousadas e restaurantes soma oito mil empregos, entre contratos formais e informais, em Campos do Jordão. “É estimada a demissão de 30% a 40% desses colaboradores. Infelizmente é um cenário difícil que temos aqui”, explicou Paulo Cesar, diretor do Sinhores em Campos do Jordão.
Já Associação de Guias de Turismo de Campos do Jordão contabiliza mais de 11 mil cancelamentos de excursões que já estavam agendadas entre os meses de março e julho. “A alta temporada de Campos do Jordão ainda vem aí, é julho. Como cidade turística, somamos dias difíceis desde esse começo do outono”, explica Flávia Vieira, presidente da associação.
Além de pedir a realização do Festival de Inverno, empresários de Campos do Jordão fazem as seguintes reivindicações à prefeitura e ao governo estadual:
A criação de um Comitê de Crise para atender as cidades que têm sua alta temporada em outono e inverno;
A criação de um crédito subsidiado para as cidades, para “impedir falência de muitos empresários e demissão em massa”;
E a isenção de impostos neste período de pandemia.

NÚMEROS DO FESTIVAL DE INVERNO 2019
Campos do Jordão, conhecida como “Suíça Brasileira”, comemorou no último ano a edição de número 50 do Festival de Inverno. A cidade com pontos turísticos como Capivari, Teleférico e Auditório Cláudio Santoro, é reconhecida mundialmente pelo festival de música erudita.
A Secretaria de Cultura e Economia Criativa do Estado de São Paulo apresentou, em 2019, o primeiro estudo de impacto econômico do Festival de Inverno de Campos do Jordão. Segundo a pesquisa, a 50ª edição gerou impacto econômico total de R$ 131 milhões, além de ter gerado 1.844 postos de trabalho. No período do festival, Campos do Jordão recebeu uma média de 134 mil visitantes por fim de semana.

PREFEITURA DE CAMPOS DO JORDÃO
A Prefeitura de Campos do Jordão destaca que o Festival Internacional de Inverno é uma inciativa do Governo do Estado de São Paulo, através da Secretaria de Estado da Cultura e Fundação Osesp, com parceria da Prefeitura e da iniciativa privada. E lembra que o evento está previsto para agosto, porém, “tudo dependerá de como se comportar a pandemia”.

A prefeitura também informou que, neste momento, “vem atuando na preservação da vida”. Até o dia 10 de maio, data para o fim do decreto estadual de quarentena, todos os atrativos turísticos, comércio não essencial, hotéis, pousadas, restaurantes e similares não irão funcionar. A partir daí, com orientação científica, a prefeitura estudará a abertura gradual e “com os cuidados que se fizerem necessários”.

“Campos do Jordão conta com o suporte de um grupo de cientistas ligados ao Hospital das Clínicas da USP de Ribeirão Preto, que vem traçando cenários, com base no número de pessoas testadas para Covid-19. Trabalhamos com a hipótese de que a reabertura deverá ser gradual, respeitando critérios de segurança, para não expor os nossos trabalhadores e visitantes”, declarou o prefeito Frederico Guidoni (PSDB), em entrevista.

A prefeitura também informou que prorrogou a data de pagamento de impostos e taxas para o dia 15 de maio, sem juros ou correções. E estuda, neste momento, o impacto econômico no orçamento municipal, da isenção de algumas taxas, para ajudar aos empresários locais.

GOVERNO DO ESTADO DE SÃO PAULO
Em nota, o Governo do Estado de São Paulo informa que o plano para flexibilização da quarentena no Estado está sendo elaborado e irá considerar sugestões dos diferentes segmentos econômicos. As sugestões serão submetidas à análise técnica do Centro de Contingência do coronavírus de São Paulo.
A evolução do contágio e a disponibilidade de leitos hospitalares serão critérios básicos para definir possíveis alterações na quarentena a partir de 11 de maio.

Com esse mapeamento, a estratégia de reabertura poderá ser orientada de formas distintas, de acordo com o impacto da Covid-19 em diferentes regiões.
A nota também informa que, desde o início da pandemia, o Governo de São Paulo liberou R$ 650 milhões para auxiliar os microempreendedores e aquecer a economia do estado. E que os recursos foram disponibilizados por meio do Banco do Povo e Desenvolve SP, a partir de linhas de crédito com condições especiais, incluindo redução da taxa de juros e prazo de pagamento ampliado.
(Fonte: G1)

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