Para atender moradores em situação de rua, RMVale amplia albergues na luta contra o novo coronavírus
Prefeituras intensificam abordagens sociais para grupo de vulnerabilidade; escolas são usadas emergencialmente
Enquanto as secretarias de Saúde se desdobram na região para viabilizar recursos e ampliar o número de leitos devido à crescente do novo coronavírus no estado, outro serviço tem sido intensificado: o social. As abordagens e abrigos à pessoas em situação de rua estão sendo ampliados na RMVale (Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte).
Com a maior parte do comércio fechada e um menor fluxo de pessoas na ruas, a vulnerabilidade de quem vive nas ruas aumenta diante da Covid-19. Sem abrigo, alimentação e formas de arrecadação, os moradores em situação de rua têm como alternativa os abrigos e casas de passagem.
Na região, Pindamonhangaba ampliou os serviços. Com aproximadamente cinquenta pessoas nesta situação, o município está montando um Centro de Acolhimento no ginásio de esportes Manoel César Ribeiro, a “Quadra Coberta”, no período de quarentena. De acordo com a secretária de Assistência Social, Ana Paula Miranda, a ação terá a capacidade inicial de atender cerca de vinte pessoas seguindo os padrões estabelecidos pela OMS (Organização Mundial da Saúde) como de evitar aglomerações com os acolhidos. “Estamos correndo para que as ações ‘iniciem no início’ (sic) de abril quando é o momento mais complicado dessa pandemia. A gente sabe que existe uma grande dificuldade de convencimento a essas pessoas para que venham pra qualquer unidade de acolhimento, mas será feito um trabalho intenso de abordagem social para esse fim”, frisou.
A secretária destacou ainda que será uma fase de análise da aceitação dos moradores e que, de acordo com a necessidade, a Prefeitura estudará a um outro espaço para os trabalhos.
Os empresários e população podem contribuir para o serviço. A Assistência Social está recebendo doações de materiais como toalhas de banho, lençóis, fronhas, sabonetes, creme e escova dental. Os interessados devem entrar em contato pelos telefones (12) 3643-1607 ou 3643-1609. Uma equipe recolherá o material na residência do doador.
O prefeito de Guaratinguetá, Marcus Soliva (PSB), em entrevista, destacou que parte dos R$ 100 mil devolvida emergencialmente pela Câmara, na última semana, poderá ser utilizada para atender esta demanda. Em 2019, o Creas (Centro de Referência Especializado de Assistência Social) realizou mais de 8.453 atendimentos. Neste ano, a equipe está mais empenhada para cumprir a função de resgatar a cidadania prestando o serviço humanizado.
Além do acolhimento realizado na sede que contempla banho, refeição, vestimentas e kit higiene, todos são orientados sobre as formas de prevenção e os sintomas da Covid-19. Em parceria com a Fazenda Esperança, a Prefeitura iniciou uma força tarefa para oferecer abrigo seguro a esses moradores. De acordo com a divulgação, 11 desabrigados aceitaram ir de maneira voluntária e após exames médicos, todos serão encaminhados para a Fazenda. Dos acolhidos, quatro possuem problemas psiquiátricos e serão encaminhados para uma clínica em Mogi das Cruzes-SP.
A Assistência Social e a Casa Dom Bosco entraram com processo de termo aditivo para disponibilizar mais15 vagas.
Aparecida possui um albergue que atende diariamente 18 moradores cadastrados do município e cerca de trezentos mensais da chamada “população flutuante” que vem de outros municípios atraída pelo turismo religioso. O secretário de Promoção Social, Alexandre Dias ressaltou que como forma de prevenção ao novo coronavírus e em busca de melhor atendê-los, o albergue será transferido para a escola municipal MAE (Maria Aparecida da Encarnação), na Ponte Alta. A unidade foi totalmente higienizada e selecionada uma ala para esses atendimentos. Serão três salas de aproximadamente 70 m² cada, sendo uma feminina, uma masculina e outra de apoio, com camas espaçadas de acordo com as orientações da Saúde. Há também banheiros femininos e masculinos e cozinha para preparar as refeições. “Se aumentar a demanda de morador de rua e precisar, vamos estar preparados com psicóloga, assistente social e toda a estrutura para acolher todas essas pessoas carentes. Estamos formatando com a Saúde palestras para eles para evitar contágio”, frisou Dias.
Lorena e Cruzeiro não ampliaram os espaços físicos, mas intensificaram as abordagens e orientações nas ruas. Segundo a secretária de Assistência Social de Cruzeiro, Hevelyn Sígolo, a cidade conta com uma casa de passagem que oferece atendimento diário como refeição, higienização, leitos e banheiros feminino e masculino com capacidade de atender até vinte pessoas sem aglomerações.
A secretária contou ainda que o número de pessoas em situação vulnerável não chega a 15 na cidade e que, por enquanto, a Prefeitura não vê a necessidade de recorrer a outro espaço. Ela frisou que a sede é segura e completa, ao contrário de um alojamento emergencial montado em áreas abertas como uma quadra escolar.
Já em Lorena, a secretaria de Comunicação destacou o serviço da Casa da Acolhida, realizado há mais de três anos na cidade e que atualmente conta com 13 acolhidos. Sem estimar um número total de pessoas em situação de rua, a Prefeitura alegou estar estudando uma forma de melhor atender essa demanda.
O Creas, em parceria com as secretaria de Saúde e Segurança e a equipe da Casa da Acolhida, tem feito ações conjuntas de abordagem e orientação em pontos estratégicos como rodoviária e Praça do Conde.
Outra cidade que explora o turismo religioso na região é Cachoeira Paulista. Segundo a pasta Social do município, a equipe técnica tem ido às ruas para orientação e proteção individual, mas como os comércios estão fechados e por não ter programação religiosa “não estamos tendo registro de pessoas nas ruas (trecho da nota)”.
Potim é um dos municípios da RMVale que não tem registro de morador em situação de rua. Segundo a secretaria de Comunicação, há pessoas em vulnerabilidade social, mas todas possuem residência.
No Litoral Norte, Ubatuba vem intensificando as ações, já que o município estima possuir setenta pessoas em situação de rua, entre população fixa e viajantes. De acordo com a Prefeitura, todos são atendimentos na Casa de Passagem, administrada pela ONG Ubatuba em Foco, que funciona 24 horas, em conjunto com a equipe do Creas e de voluntários.
A cidade também disponibilizou a escola municipal Padre Anchieta, no Silop, com oito salas para acolhimento de até quarenta pessoas.
A secretaria de Assistência Social iniciou ainda uma campanha de arrecadação de alimentos não perecíveis e de produtos de higiene. Caixas para a coleta foram distribuídas em supermercados do município.
Fonte: Jornal Atos)