Quase 30 anos após crime, sócio do antigo ValeParaibano é preso por homicídio de funcionária do jornal

Empresário está no CR de Limeira, o presídio de onde ninguém quer sair

Após processo que se arrastou por quase 30 anos, o empresário Aquilino Lovato Junior, então diretor proprietário do jornal ValeParaibano, foi preso pelo assassinato de uma funcionária da empresa. O crime aconteceu em 1992 em São José dos Campos e chocou moradores da cidade.

A prisão do empresário ocorreu em novembro do ano passado, mas somente as pessoas mais próximas de Lovato Junior tinham conhecimento do cumprimento do mandado de prisão. Após ser recolhido pela Justiça, ele ficou cerca de dois meses na Penitenciária de Piracicaba e depois foi transferido para o CR (Centro de Ressocialização) de Limeira, considerada a prisão de onde nenhum detento quer fugir (foto).

Um caso emblemático na região, Aquilino Lovato Junior foi condenado a 14 anos de prisão, em regime fechado, por homicídio duplamente qualificado – por motivo torpe e com emboscada. A vítima, Sandra Regina Brito, foi morta com um tiro na cabeça no dia 28 de janeiro de 1992 na rua Rubião Júnior, no centro de São José.

O disparo fatal foi dado por um adolescente, mas a ordem do assassinato, de acordo com o processo, partiu do então sócio-proprietário do jornal Valeparaibano, considerado um dos principais jornais do interior paulista, que deixou de circular em 2013.

Pouco tempo após o crime, a Polícia Civil desvendou o homicídio: o adolescente foi contratado por dois homens, um deles também funcionário do ValeParaibano.

De acordo com os autos, esse funcionário disse, em depoimento, que em dezembro de 1991 foi chamado “por seu patrão” para uma conversa e ele teria dito que queria “tirar Sandra do ar”. O motivo seria um desentendimento com a vítima, com quem o empresário mantinha um relacionamento amoroso. A partir daí, eles teriam articulado a emboscada que acabou com a morte de Sandra Regina Brito.

Os dois intermediários foram condenados e presos, em 1999, com penas de 15 a 16 anos de reclusão. Aquilino Lovato Junior, depois de condenado em primeira instância, entrou com uma série de recursos, após contratar para sua defesa Alberto Zacharias Toron, um dos maiores advogados criminalistas do país, que defendeu recentemente, entre outros acusados famosos, o médium João de Deus, que responde por denúncias de abuso sexual.

Procurado pelo Classe Lider, o advogado não atendeu a reportagem para falar sobre a prisão nem confirmou se o empresário se entregou.

A SAP (Secretaria de Administração Penitenciária) confirmou que o preso Aquilino Lovato Junior está no Centro de Ressocialização de Limeira, onde realiza trabalho como monitor da biblioteca da Funap (Fundação Prof. Dr. Manoel Pedro Pimentel). Ele trabalha seis horas por dia, tendo um dia de pena remido para cada três trabalhados.

Ainda de acordo com a SAP, atualmente Lovato Junior cumpre pena em regime fechado e não possui o benefício da saída temporária. O CR de Limeira funciona com um sistema diferenciado, sem vigilância armada, com celas e banheiros individuais.

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