Pente-fino do TCU mostra que 196 candidatos com patrimônio acima de R$ 300 mil pediram auxílio emergencial na região

Lista foi feita pelo TCU com dados do Tribunal de Contas da União. De acordo com levantamento, 196 candidatos com indício de renda incompatível com benefício receberam auxílio. Vinte e dois deles com patrimônio declarado de mais de R$ 1 milhão.

O Tribunal de Contas da União (TCE) realizou um pente-fino que mostra que 196 candidatos nas eleições municipais na região declararam patrimônio acima de R$ 300 mil e receberam o auxílio emergencial. Na região, há 22 candidatos que declararam patrimônio superior a R$ 1 milhão e receberam a verba do programa.
O levantamento foi feito pelo TCU cruzando com os dados do Ministério da Cidadania, quem recebeu os pedidos de auxílio. A lista mostra apenas candidatos que tenham declarado renda superior a R$ 300 mil o que o tribunal considera indício de renda incompatível para o benefício.
Estão na lista candidatos das cidades de Aparecida, Areias, Atibaia, Bananal, Bom Jesus dos Perdões, Bragança Paulista, Caçapava, Cachoeira Paulista, Canas, Caraguatatuba, Cruzeiro, Cunha, Guaratinguetá, Igaratá, Ilhabela, Jacareí, Jambeiro, Joanópolis, Lagoinha, Lorena, Monteiro Lobato, Natividade da Serra, Nazaré Paulista, Paraibuna, Pindamonhangaba, Piquete, Piracaia, Potim, Queluz, Redenção da Serra, Roseira, Santo Antônio do Pinhal, São Bento do Sapucaí, São José dos Campos, São Luís do Paraitinga, São Sebastião, Silveiras, Taubaté, Tremembé, Ubatuba, Vargem.
A lista com os nomes está disponível em uma planilha no site do TCU. Segundo o órgão, a lista aponta indícios de renda incompatível com o auxílio e não exclui o risco de erro de preenchimento pelo candidato. “O Ministério da Cidadania deliberou pelo cancelamento de todos os benefícios detectados pelo TCU, sem prejuízo da possibilidade dos beneficiários contestarem”, informou o Tribunal.
A maior parte deles concorre a cargos do legislativo. De acordo com o TCU, são nove os candidatos ao executivo com renda de mais de R$ 300 mil. Entre eles estão seis candidatos a prefeito e três a vice-prefeito. Na lista de candidatos concorrendo ao executivo estão as cidades de Bom Jesus dos Perdões, Caçapava, Canas, Jacareí, Joanópolis, Monteiro Lobato, Potim, São Luis do Paraitinga e Vargem.

MILIONÁRIOS

O pente-fino ainda mostrou candidatos que declararam soma de patrimônios superior a R$ 1 milhão em suas contas ao Tribunal Superior Eleitoral. Foram 22 candidatos milionários na região que pediram ao Ministério da Cidadania o auxílio emergencial.
Em Caraguatatuba, a candidata a vereadora Lucimeire Gonçalves Pereira, conhecida como Tucca do Kiosk (PRTB), é um dos exemplos entre os candidatos milionários. No site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) ela aparece com patrimônio de R$ 3.939.600 – sendo uma fazenda de R$ 3,5 milhões, uma casa de R$ 550 mil e um estabelecimento de R$ 39 mil. A candidata solicitou o auxílio via aplicativo da Caixa e teve o benefício aprovado.
Procurada pela reportagem, Tucca negou que tenha o patrimônio que consta como dela no site da Justiça Eleitoral e disse que o auxílio-emergencial não era para ela.
“Houve um grande erro e vai ter que ser refeito. Já falei com o advogado e com o contador para verem isso com a Receita e arrumar esse erro. Eu não tenho mais essa fazenda. Vendi ela há 15 anos, por R$ 350 mil. A casa eu não tenho mais também. Moro de aluguel no Indaiá. Posso provar tudo isso. Meu único bem é o quiosque, que comprei com o dinheiro da venda da fazenda”, afirmou.
Sobre o auxílio emergencial, ela confirma que solicitou e diz que não foi para ela e que na época ainda não era candidata.
“Uma funcionária minha, que precisa do auxílio, não teve o pedido aprovado. Como qualquer pessoa podia solicitar, eu pedi para ver se dava. Se desse, eu daria para ela. Peguei o aplicativo, pedi e o governo aprovou. As duas parcelas que ficaram disponíveis, eu dei para ela. Não peguei esse dinheiro. Depois que vi que candidato não poderia solicitar. Daí expliquei para não poderia mais receber o auxílio. Foi um erro do governo, que autorizou o pagamento. Não sei o que aconteceu”.

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