SETOR DE ALUMÍNIO PODE PERDER R$ 1,15 BILHÃO COM NOVAS TARIFAS DOS EUA, ALERTA ABAL
A Associação Brasileira do Alumínio (ABAL) divulgou, nesta quinta-feira (31), uma análise preliminar que estima um prejuízo superior a R$ 1,15 bilhão para o setor brasileiro de alumínio, caso se confirmem os impactos das novas sobretaxas impostas pelos Estados Unidos. A medida do governo americano mantém a tarifa de 50% sobre uma parte significativa das exportações brasileiras, como bauxita, óxidos e outros derivados do alumínio.
Embora a nova regulamentação não seja cumulativa com tributos anteriores e isente a alumina — matéria-prima essencial para a produção de alumínio primário e amplamente utilizada por indústrias dos EUA e do Canadá —, os prejuízos já são evidentes. No primeiro semestre de 2025, as exportações brasileiras do setor caíram 28%, representando uma perda de cerca de R$ 350 milhões.
A ABAL também chama a atenção para os riscos de desequilíbrio na cadeia produtiva do alumínio em toda a região atlântica. Brasil, Estados Unidos e Canadá compartilham uma forte integração nesse setor. Com o aumento das tarifas pelo governo de Donald Trump, há a possibilidade de ruptura nos fluxos de abastecimento e aumento da instabilidade comercial.
Impacto direto no Vale do Paraíba
Na Região Sudeste, em especial no Vale do Paraíba, a preocupação é ainda maior devido à presença de importantes unidades industriais ligadas à cadeia do alumínio. Entre elas, destacam-se:
- Novelis do Brasil (Pindamonhangaba) – considerada a maior recicladora de alumínio da América do Sul, a empresa é responsável por grande parte da produção de chapas e bobinas destinadas ao mercado interno e à exportação. A pressão sobre a sucata e o desincentivo à produção primária podem comprometer parte de sua operação.
- CBA – Companhia Brasileira de Alumínio (Unidade de Alumínio e escritório em São Paulo) – embora a sede operacional principal esteja fora da região, a CBA tem logística e fornecedores ligados ao Vale, e também exporta parte significativa de sua produção.
- Indústrias fornecedoras e transformadoras presentes em cidades como Taubaté, São José dos Campos e Caçapava, que atuam na fabricação de autopeças, embalagens e produtos de construção civil baseados em alumínio, também podem ser afetadas indiretamente pela instabilidade no fornecimento e aumento de custos.
Alerta sobre a sucata e sustentabilidade
Outro ponto de preocupação destacado pela ABAL é a corrida global por sucata de alumínio. Com as novas tarifas, o cenário favorece a arbitragem de preços, tornando a sucata mais atrativa que o alumínio primário. Isso pode prejudicar o fornecimento de material reciclado no Brasil, elemento-chave para a economia circular e a transição energética. No caso da Novelis, por exemplo, esse desequilíbrio pode afetar diretamente a sua estratégia baseada em reciclagem.
Necessidade de ação coordenada
Diante desse cenário, a ABAL reforça a necessidade de um plano de mitigação mais amplo, que leve em conta não apenas os impactos comerciais imediatos, mas também os efeitos estruturais sobre a cadeia produtiva — especialmente em regiões como o Vale do Paraíba, que desempenham papel estratégico no desenvolvimento industrial sustentável do país.