Mãe de co-piloto desaparecido há sete meses em queda de bimotor em Ubatuba diz que luta por respostas

Sete meses após o acidente com um bimotor em Ubatuba, a família do copiloto José Porfirio Júnior segue em busca de respostas. Ele estava no avião que caiu no mar e até hoje não foi encontrado. As buscas se encerraram ainda no ano passado e a família mobiliza campanhas na internet cobrando a retomada.
“Eu vivo para isso agora. Minha rotina é lutar para que me dêem respostas. São sete meses de uma dor imensa que eu não consigo superar porque eu não sei o que aconteceu. Eu não aceito morte presumida”, diz Ana Regina Agostinho.

O ACIDENTE
O avião desapareceu na noite do dia 24 de novembro. O voo saiu às 20h30 do Aeroporto dos Amarais, em Campinas, e pousaria no Aeroporto de Jacarepaguá, na Zona Oeste do Rio, mas deixou de fazer contato por volta das 21h40.
De acordo com o relatório da Marinha, o piloto avisou de uma falha no motor e que teria que fazer um pouso forçado no mar, mas desapareceram.
O corpo de Gustavo Carneiro, que pilotava o bimotor, foi encontrado no dia seguinte no mar. José e o empresário Sérgio Alves Dia Filho, no entanto, não foram encontrados, assim como a fuselagem do avião.
“Faz sete meses que eu sobrevivo, porque uma mãe sem notícias do seu filho, ela sobrevive. Porque se eu tiver um corpo, eu vou seguir a minha vida, mas enquanto eu não tiver, eu vou buscar por ele”, diz.
As buscas foram cercadas por campanhas de amigos e celebridades cobrando empenho da Marinha e a Força Aérea Brasileira no caso. Pedro Scooby, Tatá Werneck, Felipe Titto, Rubens Barrichello e a atriz Fabiula Nascimento fizeram publicações em suas redes.
As equipes da Força Aérea estiveram na região até o dia 6 de dezembro, quando anunciaram o fim da operação. O Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro seguiu as buscas até meados de dezembro, mas também sem localizar a fuselagem e os ocupantes.

MOBILIZAÇÃO POR BUSCAS
Desde então, a família já tentou por meios próprios, com ajuda de voluntários encontrar José, Sérgio e o avião. Sem recursos, eles recorrem a uma campanha pela internet que busca assinatura e apoio de celebridades para pedir que voltem às buscas.
“Eles simplesmente me disseram que possivelmente cair no mar e é melhor dar morte presumida, eu não aceito isso. No relatório, a Marinha apontou uma série de problemas que dificultaram que meu filho e o Sérgio fossem encontrados. Eu quero respostas, a nossa família precisa disso”, diz.
A família conta que foram encontrados destroços e que acionou as autoridades, mas não tiveram retorno. À época da suspensão, a FAB e a Marinha divulgaram que, caso fossem encontrados novos indícios, poderiam retomar a operação.
Ana acionou a Justiça pedindo apuração da atuação no caso. Na denúncia feita no MPF, o Comando da Aeronáutica encaminhou um relatório que aponta fatores adversos que ‘prejudicaram a eficiência das buscas’.
No documento, cita que dados meteorológicos confiáveis, falhas em equipamentos e a falta de aeronave e falha nas usadas nas buscas levaram “prejudicaram sobremaneira o andamento das operações”.

O QUE DIZ A MARINHA A E FAB
Em nota, a FAB informou que as buscas pelos dois desaparecidos no acidente seguiram os padrões internacionais e que encerrou as buscas após a área do acidente ser completamente verificada.
“As operações de busca e salvamento coordenadas pela FAB seguiram padrões estabelecidos em normas internacionais, que envolveram desde a notificação do desaparecimento, o levantamento de dados sobre a aeronave e a apuração sobre a possível trajetória, no intuito de estabelecer as fases da operação e de coordenar ações em conjunto com as autoridades envolvidas”.
Sobre o pedido de retomada, a Força Aérea informou que podem ser retomadas, mas desde que com novas informações sobre a localização do piloto e do passageiro.
O acidente também é investigado pelo Centro De Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). No documento sobre o acidente, consta que a investigação não foi concluída e que pode ter sido causado por uma falha no motor.

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