Caoa Chery desiste de acordo e mantém 485 demissões em Jacareí

A Caoa Chery anunciou no sábado (14), que não vai manter o acordo com layoff de cinco meses, suspendendo as demissões até janeiro na planta de Jacareí. O acordo havia sido anunciado pelo sindicato aos funcionários na última semana, com a divulgação da ata de aprovação da proposta assinada pela empresa. Em nota a montadora ofereceu pagamento de salários adicionais por tempo de trabalho, chegando a até 15 salários, e afirmou que caso “seja mantido o impasse com custos adicionais a empresa será obrigada a declinar a proposta”.
A Caoa Chery anunciou a suspensão das atividades na planta de Jacareí até 2025 com a demissão de toda a produção e parte do setor administrativo, somando 485 demissões. Desde o anúncio, o sindicato e a empresa disputam um acordo com os funcionários.
Na quarta-feira (11), a entidade se reuniu com os funcionários após uma reunião com representantes da Caoa Chery e informou que as demissões estavam suspensas até janeiro.
No dia, o sindicato informou que a empresa havia aceitado o acordo de novo layoff a partir de junho por cinco meses e a inclusão de três meses de estabilidade de emprego, mantendo os postos de trabalho até janeiro.
No entanto, no sábado (14), a empresa divulgou uma nota à imprensa dizendo que a medida não corresponde a realidade na fábrica. Isso porque com o desmonte da linha de produção para a remodelação – a empresa promete a produção de carros híbridos e elétricos na planta a partir de 2025 – não poderia manter os funcionários.
“Como não será possível retomar as atividades da fábrica da forma como ela se encontra, o sistema proposto não corresponde à realidade fática em questão”, diz a empresa em trecho da nota.
No documento, disse ainda que não poderia usar a suspensão temporária de contratos, já que a medida seria permanente. “Não devem as partes usar desse expediente utilizando-se de benefícios e de verbas públicas para remunerar seus empregados, quando têm ciência prévia de que não retomarão as atividades em curto espaço de tempo”. Com o layoff, uma parte dos salários é pago com verba do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT) do governo federal.
No comunicado, a montadora ofereceu a proposta de indenização adicional aos empregados, com teto de até 15 salários base para aqueles com sete anos ou mais de empresa até março e, no mínimo, sete salários para aqueles com até dois anos de contrato.
Ao fim, a empresa ainda informou que aguarda o retorno do sindicato até o início da próxima semana e que caso seja mantido o impasse com a entidade, vai declinar da proposta.
O sindicato se manifestou após o anúncio à imprensa dizendo que a posição da empresa é um descumprimento ao acordo aprovado anteriormente. “A medida coloca em risco a credibilidade da empresa e leva os metalúrgicos a reiniciarem a mobilização contra as demissões”. A entidade fez uma passeata com os trabalhadores em protesto contra a medida da empresa e retomou o acampamento 24 horas em frente à fábrica.

HISTÓRICO DA FÁBRICA
A Chery inaugurou a fábrica em Jacareí, a primeira da montadora no Brasil, em agosto de 2014 após três anos de obras e investimento de US$ 400 milhões. O objetivo era aumentar a participação no mercado brasileiro, mas os números não decolaram.
Em 2017, a CAOA assumiu metade da operação da montadora Chery no Brasil. A parceria tinha a expectativa de reverter o fracasso de vendas e metas, impostas pela multinacional chinesa, para atuação no Brasil.

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