Basílica da Natividade leva peregrino ao local onde Jesus nasceu

Berço do Cristianismo, a Basílica da Natividade, em Belém, na Terra Santa, é venerada como local onde nasceu Jesus Cristo; brasileiros contam experiências com o local e Jerusalém

Templo da fé inabalável.

Uma das igrejas mais antigas da Terra Santa, em Belém, é também uma das mais misteriosas.

Sua estrutura foi construída sobre uma caverna que a tradição cristã marca como o local de nascimento de Jesus Cristo.

Ali, no complexo da Basílica da Natividade, uma gruta representa o berço do Cristianismo e a chama que mantém a fé de milhões de cristãos pelo mundo.

Guerras e eventos naturais já a ameaçaram, mas ela continua de pé.

“Em 614 os persas invadiram a Terra Santa e destruíram todas as igrejas, exceto esta, porque quando eles viram os Reis Magos [em um painel no templo] vestidos com roupas persas desistiram”, conta o padre Artemio González, guardião do Convento Franciscano Santa Catarina, em entrevista ao Christian Media Center, em Jerusalém.

“Depois, em 1009, o califa Hakim, destruiu de novo todas as Igrejas, mas chegando aqui se deparou com uma serpente, se espantou e fugiu.”

Também conhecida como Igreja da Natividade, o templo foi erguido no ano de 326, no quarto século, por determinação de Santa Helena, mãe do imperador Constantino.

Abalada por um forte terremoto, a igreja foi reconstruída por Justiniano dois séculos depois.

Os mistérios começam pela localização da estrebaria e manjedoura que abrigam Jesus Cristo após seu nascimento.

Frades franciscanos especializados em arqueologia e história bíblica estão entre os principais guardiões desse tesouro cristão.

Eles dividem a administração da Basílica da Natividade, que fica em território Palestino, com gregos e armênios ortodoxos.

Segundo o padre Adilson da Rocha, que é mestre em Teologia Bíblica e esteve na Terra Santa em 2018 para mergulhar na arqueologia de seus estudos, há evidências de que os primeiros cristãos cultuavam aquela localidade como o lugar onde nascera Jesus Cristo.

“Trata-se de uma visibilidade física para o cristão visitar e fortalecer a fé. A manifestação de Deus também se faz a partir da experiência de lugares como santuários e basílicas.”

Atual pároco na Basílica de Nossa Senhora do Carmo, em Borda da Mata (MG), Rocha fez seus estudos no ‘Studium Biblicum Franciscanum’, sociedade acadêmica franciscana sediada em Jerusalém. Trata-se de centro de pesquisas e estudos bíblicos e arqueológicos.

O sacerdote se lembra da primeira vez que esteve na Basílica da Natividade e da emoção que sentiu ao pisar no mesmo solo que abrigou Jesus Cristo.

“Não dá para descrever em palavras o que se sente ali. É uma sensação maravilhosa, porque Belém foi escolhida por Deus como um lugar da salvação, pela pequenez e simplicidade.”

Rocha disse também que vivenciar a realidade da Terra Santa enriquece o estudo teórico e teológico e ajuda a evitar e combater o fundamentalismo, que “quer separar a fé da história, que é uma realidade hoje”.

Em razão de os muçulmanos considerarem Jesus Cristo como sendo o segundo maior profeta islâmico, o local é considerado sagrado tanto para o cristianismo como para o islamismo. É um território de manifestação de uma fé plural.

Os franciscanos que cuidam da Basílica dizem que, abaixo do nível da nave, estão as grutas que cercam o lugar do nascimento de Cristo. Elas são dedicadas a São José, aos santos inocentes e a São Jerônimo, onde ele passou mais de 30 anos de sua vida traduzindo a Bíblia.

Uma escada dá acesso ao coração da Basílica da Natividade. Há apenas alguns passos está o local onde Jesus nasceu e foi colocado na manjedoura.

“A gente se pergunta ‘como esta igreja resistiu durante mais de 1500 anos, suportando até mesmo terremotos que praticamente destruiram toda a Palestina’. Esta é uma maravilha”, apontou o restaurador Giammarco Piacenti.

Padre Adilson da Rocha prepara um retorno à Terra Santa para junho de 2022, após adiar uma visita no ano passado por causa da pandemia.

Vai renovar a fé caminhando pela História.

REFORMA

A Basílica da Natividade de Belém, que marca segundo a tradição o lugar onde Jesus Cristo nasceu, está com sua restauração quase terminada depois de oito anos de reforma para reparar danos causados pela água.

Considerada uma das igrejas mais antigas do mundo, a Basílica recebe peregrinos e turistas do mundo inteiro, mas estava danificada pelas águas da chuva.

Os trabalhos de restauração estão na fase final e se concentraram em limpar e restaurar antigos mosaicos, afrescos e colunas, além do conserto do telhado para aguentar a chuva.

Segundo a agência France Presse, a igreja não passava por uma reforma há mais de 500 anos e havia entrado para a lista da Unesco de locais do patrimônio mundial em perigo em 2012, embora tenha sido tirada da lista em 2019.

Fonte: O Vale

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