Sociedade civil critica liberação de termelétricas em São José

Ambientalistas, movimentos sociais e a Defensoria Pública consideram medida prejudicial ao meio ambiente

Representantes da sociedade civil criticam a liberação de usinas termelétricas em São José dos Campos, como prevê projeto do governo Felicio Ramuth (PSDB) aprovado em primeiro turno pela Câmara, nesta quinta-feira (12).

O texto, que permite a instalação de usinas na cidade, deve ser votado em segundo turno daqui a duas semanas.

A Prefeitura de São José informou que não há previsão de instalação de termelétricas na cidade e que o projeto trata, principalmente, de adequar a legislação ante a necessidade de aumento da geração de energia elétrica no futuro.

Para ambientalistas e a Defensoria Pública, no entanto, tais empreendimentos são um retrocesso na pauta ambiental da cidade, em razão de eventuais riscos de piorar a qualidade de vida.

“É um equívoco a liberação de termoelétricas em São José, uma vez que a nossa bacia aérea está saturada”, disse o professor e ambientalista José Moraes.

Segundo ele, a cidade convive com inversões térmicas, chuva ácida e o ozônio troposférico, este o principal poluente responsável por danos às plantas.

GEOGRAFIA

Além disso, a configuração geográfica de São José ladeada por duas serras –do Mar e da Mantiqueira– que, somadas à baixa velocidade média anual dos ventos, explicou Moraes, não permite a dispersão de poluentes.

“Portanto, a poluição provocada pelas indústrias, pela grande frota de automóveis que circula pela Via Dutra e pelas ruas da cidade agravam consideravelmente os casos de doenças respiratórias e doenças cardiovasculares.”

Segundo o ambientalista, mesmo que as termoelétricas sejam movidas a gás natural não deixarão de emitir poluentes na atmosfera, como “gás carbônico, metano, chumbo, mercúrio, óxido de nitrogênio e enxofre”.

Ele também apontou que as usinas se utilizam de um volume considerável de água para o resfriamento dos equipamentos, “devolvendo-a ao rio Paraíba com temperaturas elevadas, prejudicando o seu fornecimento para o uso humano e de outras espécies”.

“A saída para os nossos desafios energéticos gira em torno do uso de energias limpas e renováveis tais como a energia solar e eólica. São José não merece e não precisa de termoelétricas”, concluiu Moraes.

RISCOS

Na avaliação de Gabriel Alves da Silva Júnior, engenheiro civil, advogado e especialista em gestão pública, as termelétricas apresentam “riscos ao meio ambiente e à saúde da população”.

Para ele, o assunto precisa ser amplamente debatido pela sociedade para apontar os caminhos da cidade com relação ao meio ambiente, sopesando corretamente as questões energética, econômica e ambiental.

“Debater o assunto é um importante passo para que as entidades ambientalistas, pesquisadores, juristas e movimentos sociais sensibilizem para os riscos ambientais, climáticos e da saúde da população se empreendimentos com tamanho impacto ambiental forem autorizados a se instalar no município”, afirmou.

Para o defensor público Jairo Salvador, a proposta da prefeitura não contempla estudos técnicos e nem demonstra como a alteração contribuirá para a redução das emissões dos gases do efeito estufa.

A pressão da sociedade civil levou a Câmara de São José a marcar um debate público, na próxima segunda-feira (16), para discutir a liberação de usinas termelétricas no município. O evento deve começar às 18h.

Fonte: O Vale

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