Com alta de mortes e casos, pesquisador aponta momento de fase mais restritiva no Vale

De acordo com os dados das prefeituras, até a terça-feira (18) a região acumula 57% do total de casos do mês de abril, o mais letal da pandemia, com 546 mortes.

Com alta nos índices de morte e contaminação por Covid-19 na região, o pesquisador da Universidade Estadual de São Paulo, que acompanha a evolução da doença no estado, explica que os números indicam a necessidade de medidas restritivas na circulação de pessoas e comércio. De acordo com os dados das prefeituras, até a terça-feira (18) a região acumula 57% do total de casos do mês de abril, o mais letal da pandemia, com 546 mortes.

O Vale do Paraíba e Litoral Norte completa um mês fora da fase mais restritiva, depois da temporada de fase emergencial e vermelha entre março e abril anunciadas pelo governo estadual. À época, a medida era justificada pelo alto índice de internações, casos e mortes em todo o estado.

Apesar do relaxamento das regras, a região não teve uma freada nos índices. Desde abril, o patamar de internados segue em 500 pessoas e a letalidade teve alta exponencial. Em março, o número era de 653 pessoas em um mês, um recorde. Em abril, no entanto, o número foi superado chegando a 954 mortes. E nos 18 primeiros dias de maio, a curva caminha para um novo recorde, com acúmulo de 546 óbitos.

Para Wallace Casaca que é matemático e coordena o projeto que acompanha a evolução dos dados, a retomada anunciada pelo governo estadual com a fase de transição não levou em conta o cenário regional em São Paulo, onde há situações com maior risco de colapso, como ele crê ser a situação do Vale do Paraíba.

“Vale do Paraíba como um todo precisa entrar em fase mais restritiva para se recuperar. A taxa de ocupação, mortes e casos é muito alta. A regra que vale para São Paulo não serve para essa região, que não tem condição de uma reabertura de forma sustentável. O fim das análises regionais foi um erro”, comenta.
Diferente de outros momentos da pandemia, em que a fase mais restritiva freava a infecção e reduzia o índice de internações, a região se manteve em constante. No anúncio, a ocupação era de 74%, chegou a bater mais de 80%, e agora está em 79% dos leitos de UTI ocupados.

Para Wallace, o patamar unido a fragilidade do sistema de saúde regional que já vinha sobre pressão, é um alerta aos prefeitos para adotar medidas menos brandas em suas cidades.

“Para um prefeito, do ponto de vista político, é ruim fechar. Isso é uma medida impopular. E agora eles têm respaldo para se manterem abertos. Mas não há outra forma agora que não restrições. Estamos em um ponto em que as pessoas já não se sensibilizam com os números, está na mão do poder público”, reforça.

Ele aponta que a pouca fiscalização para o cumprimento das regras mais duras e que os feriados que mobilizaram multidões às cidades da região, principalmente ao litoral, podem ter mantido a região no patamar atual.

De acordo com a plataforma que acompanha o isolamento social no estado, em abril de 2020 quando estávamos em fase vermelha, São José dos Campos e Taubaté, por exemplo, batiam índices de isolamento de 61% e 59%, respectivamente. Entre março e abril deste ano, quando estávamos na fase emergencial e com a pandemia em aceleração, o maior índice foi de 51% em São José dos Campos e 45% em Taubaté.

Wallace ainda critica a alteração do Plano, que deixou de levar em conta as regiões, que mostram uma realidade vulnerável. O pesquisador alerta que se não forem adotadas as medidas necessárias, a região vai seguir com ritmo acelerado no índice de mortes. “Infelizmente, a curva da doença não mostra uma estagnação ou desaceleração. Estamos caminhando para um cenário pior”.

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