Volkswagen diz que tem ‘fôlego’ para mais alguns meses antes de pensar em demissões no Brasil

‘Se não tivermos uma melhora, teremos que adequar as fábricas, sim’, disse Pablo Di Si, presidente da marca. Negociações das montadoras com o governo federal para empréstimos não avançaram.

A Volkswagen vive um momento de opostos no mercado brasileiro: ao mesmo tempo que ficou em 1º lugar nas vendas de junho impulsionadas pelo SUV T-Cross, depois de um longo período de ausência no topo, a montadora também analisa como se adequar aos efeitos da pandemia de coronavírus.
O presidente da montadora na América Latina, o argentino Pablo Di Si, se reuniu com jornalistas pela internet na terça-feira (7) para falar sobre o atual cenário, a briga pela liderança e possíveis demissões.

“Se não tivermos uma melhora (nas vendas), teremos que adequar as fábricas, sim, mas essa será uma conversa que primeiro teremos com os sindicatos, no momento certo, ainda não tomamos uma decisão. E acho que vamos esperar mais um pouco para isso”, afirmou.
De acordo com o executivo, as negociações com o governo federal para obter empréstimos junto a bancos, na casa dos R$ 40 bilhões, para o setor não avançaram. Em abril passado, Pablo Di Si disse que seria o valor que toda a cadeia da indústria automotiva, das fábricas às concessionárias, precisaria para passar pelo auge da crise, disse. “Tivemos várias reuniões com o governo; com o presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Social), com Paulo Guedes, infelizmente, isso não foi para a frente. Nós tentamos, com a Anfavea, pegar empréstimo com fornecedores. E, por diferentes motivos, não foi para frente”, revelou o argentino.
Segundo o presidente da Volkswagen, fornecedores da indústria são os mais frágeis de toda a cadeia, e alguns já “foram à falência” por causa da crise.
“Em termos de emprego, eu acredito que a indústria e a Volkswagen vão ter que se adequar ao mercado. Esperamos que melhore em julho, agosto. Ainda temos um fôlego de alguns meses com essa flexibilização laboral do governo”, afirmou o presidente da empresa, em referência à medida provisória 936, que flexibilizou as regras trabalhistas temporariamente.
As 4 fábricas de carros Volks no Brasil, em São Bernardo do Campo (SP), Taubaté (SP), São Carlos (SP) e São José dos Pinhais, já retomaram as atividades no país entre o final de maio e o começo de junho.
O acordo com os funcionários para a redução de jornada e salários em 30%, por 3 meses desde maio, termina no final de julho. Com a prorrogação da medida por parte do governo, a montadora disse que vai se reunir com os trabalhadores para estender a medida pelos próximos meses.
A maioria das montadoras aderiram às flexibilizações de jornadas, que garantem também a estabilidade de empregos. Em junho, a Nissan demitiu 398 empregados que estavam com contratos suspensos e teve que pagar multa.
De maio para junho, houve o corte de 963 postos na indústria veículos, uma redução de 0,9% de maio (106.456) para junho (105.520).
Como efeito da pandemia, a produção de veículos no Brasil caiu pela metade no 1º semestre de 2020, e a nova previsão das montadoras e fechar o ano com baixa de 45%. No mesmo período, os emplacamentos recuaram 38% no país.

LÍDER EM JUNHO
“No mês de junho nós chegamos à liderança depois de anos”, apontou Pablo Di Si logo no início da entrevista da terça. “Claro que é importante, mas tem que ser sustentável. Temos que ser ponderados”.
Somando automóveis e comerciais leves, a Volkswagen alcançou 21.877 emplacamentos em junho de 2020, de acordo com dados da associação das concessionárias, a Fenabrave.
Apesar de representar uma queda de 33% em relação ao mesmo mês de 2019 para a Volkswagen, quando teve 32.769 unidades vendidas, o resultado a deixou na frente da Chevrolet, mas apenas em junho – no acumulado, a montadora norte-americana segue na frente.
“Tínhamos muitos pedidos, particularmente do T-Cross Sense que foram registrados apenas no mês de junho. Por isso houve uma performance tão boa. Temos certeza que vai continuar nos próximos meses pelo T-Cross Sense, e principalmente pelo Nivus”, explicou.

De acordo com o executivo, haviam unidades de abril e março que ainda não tinham sido faturadas ou licenciadas por conta das paralisações por causa do coronavírus.
E isso já teve consequência; tiveram alguns fornecedores que foram para a falência aqui no Brasil. Então isso claro que vai ter consequência, no curto, no médio e no longo prazo. Em junho, o T-Cross fechou como o 3º carro mais vendido do país.

 

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