Moradores se revoltam e queimam ônibus após morte de adolescente em ação da PM
Adolescente teria reagido a abordagem e foi morto a tiros em Ubatuba. Após ação, moradores fizeram protesto e incendiaram ônibus. Rio-Santos foi bloqueada por duas horas.
Um adolescente de 17 anos foi morto durante uma abordagem da Polícia Militar em Ubatuba na terça-feira (29). Depois da morte, moradores fizeram um protesto e incendiaram um ônibus na rodovia Rio-Santos. A família do adolescente contesta a informação do boletim de ocorrência (veja abaixo).
O caso aconteceu por volta das 18h no bairro Silop. De acordo com o boletim de ocorrência da Polícia Civil, uma equipe da PM fazia a abordagem, quando Matheus Martins teria tentado correr da viatura e disparado contra os policiais. Em reação, um dos PMs atirou duas vezes contra o adolescente, que morreu no local.
A Polícia Civil informou que com o adolescente foi apreendida uma arma, que teria sido usada contra os policiais. O caso foi registrado como morte decorrente de intervenção policial.
Após a ação, moradores do bairro fizeram um protesto pela morte do adolescente. O grupo interditou a Rio-Santos, próximo ao bairro onde o adolescente foi morto.
Na ação, um grupo incendiou um ônibus e apedrejou outro veículo. O corpo de bombeiros foi acionado para conter as chamas, mas o coletivo ficou completamente destruído. Segundo a Polícia Rodoviária Federal (PRF), que também foi acionada, ninguém foi preso no protesto.
Em nota, a PM reafirmou a versão do boletim de ocorrência. “Uma equipe da Polícia Militar tentou abordar um jovem, que resistiu e apontou uma arma de fogo para os policiais. O PM revidou e acertou 2 disparos no menor, que morreu no local”.
O QUE DIZ A FAMÍLIA DO JOVEM
A família do adolescente Matheus Martins contesta a versão da polícia. A família afirma que ele estava jogando futebol com um grupo de amigos quando foi abordado pela Polícia Militar. Segundo a família, ele foi levado para uma rua sem saída e que depois os amigos ouviram os disparos.
“Quando chamaram ele os amigos nos avisaram e fomos ao local, mas eles tinham levado ele para um beco. Ouvimos os tiros e ao chegar eles não nos deixaram chegar perto ou chamar o socorro”, contou a irmã Mayara Martins.
O adolescente era estudante e trabalhava com o pai como pintor em obras residenciais. Ele ainda participava de ligas juvenis de surf e futebol. De acordo com a família, não tinha passagens pela Fundação Casa.
“Se ele tinha feito algo errado, que pagasse com cadeia e não com a vida. É uma sensação de impotência o que passamos, não poder chegar perto ou socorrer”.