Ações da Embraer caem 50% com pandemia do coronavírus
Queda é consequência do cancelamento de milhares de voos em todo o mundo, afetando empresas áreas e fabricantesA Embraer é uma das primeiras “vítimas” da pandemia do coronavírus entre as grandes empresas do Vale do Paraíba, mas não será a única.
Desde que a doença provocou queda vertiginosa nas viagens aéreas no mundo, com voos cancelados e países com fronteiras fechadas, as ações da fabricante despencaram quase 50%.
Segundo análise de Gustavo Neves, assessor de investimentos e economista da Plátano Investimentos – XP Investimentos, de São José dos Campos, as ações da Embraer eram negociadas a R$ 19,54 em 21 de fevereiro e caíram para R$ 9,85 na terça-feira (17), uma redução de 49,5%.
“As empresas aéreas estão entre as mais atingidas pelo coronavírus. Elas perderam muito valor de mercado. A Embraer é prejudicada por causa da queda nas viagens por aviões no mundo”, disse.
Isso acontece, segundo Neves, pela reação do mercado financeiro, que se antecipa em momentos de incerteza.
“Vemos a crise mais rápida do mercado financeiro. Em 2008, de maio a setembro, o mercado caiu 20%. Com o coronavírus, tivemos uma queda de mais de 40% em 16 dias. Os impactos econômicos são mais rápidos.”
ECONOMIA
A pandemia do coronavírus irá trazer outros impactos negativos à economia do Vale, a começar pelas cidades que dependem do turismo, setor que será severamente afetado.
Os municípios do Vale Histórico, da Serra da Mantiqueira e do Litoral Norte irão perder receita em função da queda na atividade turística.
“O Vale vai ser impactado diretamente. As restrições às pessoas irão impactar na área de turismo e no comércio local. O comerciante precisa do movimento. Os trabalhadores vão sofrer no bolso. Vai quebrar muita empresa”, disse.
Neves avalia que os principais produtos de exportação do Vale – veículos, aviões e petróleo – sofrerão com a queda nas vendas e impactos da pandemia do coronavírus no comércio internacional.
“Haverá menos pedidos de veículos e aviões e, na indústria do petróleo, aprofundou-se ainda mais a crise entre Rússia e Arábia Saudita, o que impactará nas receitas dos municípios que necessitam dos royalties do petróleo.”
Para piorar o cenário, Neves disse que o pico da crise ainda não chegou e a economia deve sofrer bastante com a pandemia nos Estados Unidos.
“Os EUA vão sofrer mais porque eles não têm um sistema de saúde pública como o nosso. Muitas pessoas não vão procurar o médico.”
No Brasil, Neves cobrou estabilidade política. “Instabilidade piora o quadro e faz o governo demorar para agir”.
CONTRA CORONAVÍRUS, EMPRESAS DO VALE REFORÇAM HOME OFFICE PARA FUNCIONÁRIOS
A principais empresas do Vale do Paraíba estão reforçando o incentivo ao home Office (trabalho em casa) entre seus funcionários para minimizar os impactos da evolução do coronavírus.
A medida está sendo tomada para todos os setores que puderem dispensar os trabalhadores dos seus afazeres dentro da empresa, transferindo para as residências.
Trata-se de também de uma maneira de amenizar a exposição ao risco daqueles que precisam executar suas atividades no ambiente da empresa, como é o caso dos trabalhadores da produção.
Estão ampliando as medidas de trabalho retomo empresas como Embraer, General Motors, Ford, Volkswagen, LG e Caoa Chery, além de companhias menores.
SINDICATO PREVÊ IMPACTOS NO VAREJO DO VALE COM PANDEMIA
O Sincovat (Sindicato do Comércio Varejista de Taubaté) fez um levantamento dos impactos que a crise provocada pelo coronavírus poderá causar no varejo do Vale do Paraíba.
A projeção de 5% de crescimento nas vendas em 2020, na comparação com 2019, vai ser reduzida.
O motivo é que haverá um menor fluxo de consumo e fluxo populacional nas lojas, o que afetará diretamente as vendas de shoppings, centros comerciais, corredores comerciais e outros estabelecimentos. Clientes tendem a direcionar gastos para bens essenciais em momentos de contenção e crise, como alimentos e remédios, cortando os demais.
O sindicato prevê ainda a chance de desabastecimento de mercadorias, pela queda das vendas chinesas e o aumento do dólar.
EMPRESÁRIOS SE REÚNEM COM CURY PARA DEBATER CRISE
Plataforma de negócios e grupo de empresários da RMVale, o Desenvolve Vale se reuniu com o deputado federal Eduardo Cury (PSDB), na segunda-feira, em São José dos Campos, para debater ações emergenciais em resposta à crise econômica causada pelo coronavírus.
A entidade vai divulgar uma carta aberta pedindo ações do poder público – municipal, estadual e federal – para barrar os efeitos econômicos do novo coronavírus no país.
“Após pouco mais de duas horas de reunião, as principais ações solicitadas pelos empresários foram a prorrogação das datas para pagamentos de impostos e encargos trabalhistas. Todas as medidas visam aliviar a carga para os pequenos e médios empreendedores, principalmente nos setores de serviços e comércios”, informou a plataforma.
VOLKSWAGEN PROTOCOLA PEDIDO DE FÉRIAS COLETIVAS E PODE PARAR PRODUÇÃO NA REGIÃO
A Volkswagen pode conceder férias coletivas a 3.200 trabalhadores da produção e do setor administrativo da fábrica de Taubaté, em razão dos cuidados exigidos para evitar a disseminação do novo coronavírus.
Segundo o Sindicato dos Metalúrgicos de Taubaté, a montadora pode conceder o período de descanso entre 31 de março e 9 de abril.
Procurada, a Volkswagen informou que protocolou o pedido de férias coletivas no Ministério do Trabalho e que a medida ainda é tratada como uma possibilidade, sem que haja definição se será executada ou não.
Segundo o sindicato, o objetivo da montadora seria a prevenção e cuidado com a saúde de seus trabalhadores, diante da pandemia do coronavírus.
A entidade afirmou ainda que alguns funcionários do setor administrativo realizarão o trabalho em esquema de home office (trabalho em casa).
A medida vem sendo adotada em grandes empresas do Vale para evitar o coronavírus.
O Sindicato dos Metalúrgicos de São José dos Campos cobra das empresas da categoria que concedam licença remunerada para os trabalhadores. “A suspensão é medida urgente e necessária e deve ser acompanhada de políticas públicas de prevenção por parte dos governos federal, estadual e municipal”.
(Fonte: OVale)