Cruzeiro discute criação de documento para priorizar atendimento a autistas

Benefício proposto tem prazo máximo de 15 dias para ser expedido e validade de cinco anos; projeto tenta mapear assistência

Um projeto de lei que propõe a criação da CIA (Carteira de Identificação do Autista) entrou na pauta da Câmara de Cruzeiro na última segunda-feira. A resolução é de autoria do vereador Sandro Felipe (PR), e tem como finalidade mapear o número de pessoas que possuem o TEA (Transtorno de Espectro Autista) na cidade.
O TEA é definido como uma disfunção neurológica descrita por variações comportamentais sociais, de comunicação ou linguagem, em diferentes graus de intensidade. De acordo com a OMS (Organização Mundial da Saúde), em 2017 uma em cada 160 crianças possuíam o TEA. O diagnóstico é feito geralmente nos primeiros anos de vida.
Para o vereador, a falta de informações sobre o autismo, assim como o reconhecimento daqueles que possuem o transtorno, foram as motivações do projeto em Cruzeiro. “O principal objetivo da carteira é facilitar a identificação das pessoas autistas para que tenham assegurados os seus direitos, inclusive o atendimento preferencial”, explicou.
Em relação aos procedimentos necessários para o cadastro, o autor da proposta descreveu quais os documentos necessários para a aquisição do documento. “A Carteira será expedida sem qualquer custo por meio de requerimento devidamente preenchido e assinado pelo interessado ou pelo seu representante legal, acompanhado do relatório médico e documentos pessoais, bem como de seus pais”.
Mãe de Matheus, 14 anos, e de João Felipe de 9, a dona de casa Ana Paula Freitas, 40 anos, relembrou como foi o diagnóstico do filho mais velho, à época com dois anos de idade. “No começo foi muito difícil, até as professoras me chamaram e falaram que ele teria que ir para a Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais), porque desconfiavam que ele era autista, mas teria que ser diagnosticado”.
Ana contou como foi a recepção por parte da família. “Meu marido não queria aceitar muito na época. Eu falava e ele dizia que o Matheus era muito hiperativo e que com o tempo ele iria falar”.
Para a dona de casa, a visibilidade é um dos maiores benefícios para as crianças e jovens autistas da cidade. “São muitas as necessidades do meu filho e de outras crianças com autismo. Tendo uma identificação, um diagnóstico fechado, podemos melhorar os direitos deles”
Sandro Felipe explicou que os benefícios previstos com a aprovação do projeto serão voltados ao acesso dos autistas na rede municipal da saúde. “Muitos autistas, que às vezes precisam de atendimento médico, seja no particular ou no público, geralmente têm dificuldades no atendimento. Com essa lei sendo aprovada, eu acredito que vamos ter uma facilitação maior”, projetou.
Em Cruzeiro é realizada anualmente a “Caminhada Inclusiva”, que promove a compreensão da população em relação às deficiências físicas e cognitivas. Em 2019, os voluntários foram às ruas no dia 27 de abril, com o tema “Existem barreiras, e se fosse seu filho?”. A caminhada partiu da praça Antero Neves. Todo o lucro obtido com a venda das camisetas usadas no evento é direcionado para o custeamento de palestras organizadas posteriormente pela organização.
Cidades vizinhas também recebem caminhadas pela causa, além de seminários e palestras que buscam orientar não só os familiares de pessoas com o TEA, mas também professores, amigos, órgãos educacionais e a comunidade.
Além das ações nas ruas, o Instituto Cacau, de Lorena, promoveu curso de alfabetização para TEA. Em Guaratinguetá, o Cine Azul, parceria entre o movimento “Mais Sobre o TEA” e o Buriti Shopping, exibiu sessões do filme “Dumbo” para crianças autistas, acompanhadas de seus responsáveis.
Sobre importância da criação de um projeto como a CIA, o vereador Sandro Felipe destacou que já houveram outros que possuíam a mesma relevância social, mas que não seguiram adiante. “Vamos ficar de olho no que tange à colocação em prática dessa lei, porque infelizmente, aqui em Cruzeiro, aprovamos dezenas de leis boas que acabam ficando engavetadas”, lamentou.

(Fonte: Jornal Atos)

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