Prefeito de Ilhabela é afastado por fraude e desvio nos cofres públicos

Justiça determinou afastamento de Márcio Tenório (MDB), dois secretários e três funcionários, além da prisão de dois empresários e um policial militar; estimativa da Polícia Federal é que de R$ 9 milhões tenham sido desviados

A Justiça determinou o afastamento imediato do prefeito de Ilhabela, Márcio Tenório (MDB), alvo de operação da Polícia Federal na terça-feira (14). A ação faz parte da segunda fase da Operação Prelúdio, que investiga crimes de fraude à licitação, superfaturamentos, corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e associação criminosa.
Segundo a PF, a estima é de que aproximadamente R$ 9 milhões foram desviados dos cofres públicos por meio de um contrato superfaturado.
A primeira investigação, que teve início em 2017, comprovou que uma empresa contratada para os processamentos de resíduos deixou de realizar os serviços por quatro meses, acontecendo então uma rescisão amigável do contrato.
Essa ação teria sido combinada para justificar a contratação emergencial da nova empresa, diz a polícia. “Essa empresa entrou com licitação fraudada e superfaturada de R$ 13,4 milhões para processar os resíduos em um período de 180 dias”, declarou o delegado da PF, Carlos de Almeida, responsável pelo caso.

OPERAÇÃO
Nesta terça (14), foram cumpridos 21 mandados de busca, 3 de prisão preventiva, 6 de afastamento da função pública e uma de medida cautelar.
Além do prefeito, foram afastados o secretários Osvaldo Julião (Saúde) e Vinícius Julião (Assuntos Jurídicos), o assessor Valdemir de Almeida, o diretor de administração Fernando Ubirajara e o gerente do Aterro Municipal, Antônio Ganasevici.
“A investigação mostra que um empresário provavelmente financiou clandestinamente a campanha do prefeito e, em contrapartida, para saldar o investimento, o prefeito deu a ele esse contrato superfaturado, tudo pode ter nascido dessa dívida”, explica o delegado.
A prefeitura afirmou que tomará as providências cabíveis para manter os serviços dentro da normalidade. Em vídeo publicado nas redes sociais, o prefeito Márcio Tenório afirmou que aguarda esclarecimentos. “Estou bem, não fui preso, apenas prestei esclarecimentos. Sobre a operação, eu mais do que ninguém espero que seja esclarecido, confio na justiça”, disse.

OPERAÇÃO PRENDE PM E EMPRESÁRIOS E ACHA MUNIÇÕES NA CASA DO EMEDEBISTA
Três pessoas investigadas na operação foram presas preventivamente: os empresários Adriano Pereira e Tatiana Negreiros e o policial militar Rogério Ferreira Faco. “Esse policial servia de laranja para o empresário, ele utilizava a conta do policial para movimentar o dinheiro que ele recebia”, afirmou o delegado.
Os policiais encontraram 10 munições na casa do prefeito, que foi levado até a sede da PF para prestar esclarecimentos. Ele não tem porte de arma. A PF fez o pedido de prisão do prefeito e demais agentes políticos, mas o Poder Judiciário não acatou o pedido.

PF FAZ BUSCAS NA CÂMARA; PARLAMENTARES REALIZAM JULGAMENTO DE TENÓRIO NESTA QUARTA
A sede do Legislativo de Ilhabela também foi alvo da PF. Paralelamente, os vereadores investigam outra denúncia sobre o pagamento do evento Paço do Samba, que teria sido pago pela prefeitura, mas não aconteceu. A Câmara marcou a sessão de julgamento do processo de cassação do prefeito Márcio Tenório para esta quarta-feira. O advogado do prefeito deve comparecer.
A respeito da operação da PF, a Câmara informou, em nota, que “nada foi levado do gabinete da presidência, mas vários documentos foram apreendidos no gabinete do Vereador Gabriel Rocha e levaram documentos, HD de computador e notebook do gabinete do Vereador Cleison Guarubela para averiguações”.

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