Situação dos direitos humanos na Venezuela é emergencial, diz ONG

A Venezuela tem a situação mais emergencial em relação a violações de direitos humanos nas Américas, avalia o HRW (Human Rights Watch). A ONG (organização não governamental) divulgou nesta quinta-feira um relatório sobre os abusos das garantias básicas das populações em todo o mundo. “A situação mais grave de violações a direitos humanos nesta região, sem dúvida, é a Venezuela”, enfatizou o diretor da divisão das Américas da HRW, José Miguel Vivanco.

Entre os problemas enfrentados pelo país estão, segundo a ONG, a restrição das liberdades políticas, a falta de independência entre os poderes e a crise humanitária. “Há uma crise humanitária gravíssima, com falta de alimentos, remédios, que levam aos venezuelanos a sair do país massivamente. Fugir dessa situação ditatorial”, acrescentou Vivianco.

O relatório cita que, em 2017, o Ministério da Saúde da Venezuela divulgou dados apontando para um aumento de 65% na mortalidade materna, 30% na mortalidade infantil e 76% de crescimento nos casos de malária. A partir de informações da Cáritas, organização vinculada à Igreja Católica, o documento diz ainda que a parcela de crianças que sofre de desnutrição grave ou moderada passou de 10% em fevereiro de 2017 para 17% em março de 2018.

O desabastecimento de alimentos e outros itens básicos, além da crise econômica, têm levado a muitos venezuelanos a deixar o país. Dados do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados citados pelo relatório apontam que até novembro do ano passado três milhões de pessoas deixaram a Venezuela desde o início do êxodo, em 2014, quase 10% da população do país, estimada em 32 milhões de habitantes.

Desses, 57,6 mil solicitaram refúgio no Brasil entre janeiro de 2014 e julho de 2018. O relatório destaca que apesar das fronteiras brasileiras terem sido mantidas abertas, houve graves ataques xenófobos contra os venezuelanos no país.

Reunião

A reunião coordenada pelo ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, no Itamaraty, com oposicionistas e críticos do presidente da Venezuela, Nicolás Maduro, além de representantes de países do Grupo de Lima e dos Estados Unidos, durou cerca de seis horas. Após o encontro, eles almoçaram. A conversa, a portas fechadas, ocorreu no dia seguinte ao encontro dos presidentes Jair Bolsonaro e da Argentina, Mauricio Macri.

Em discussão, alternativas para a crise política e econômica que se instalou na Venezuela, gerando desabastecimento, fuga de famílias e denúncias de violação de direitos. Para líderes internacionais, o governo de Maduro não tem legitimidade, pois há dúvidas sobre a lisura do processo eleitoral.

Fonte: OVALE
Foto: Marco Yamin/Sectur

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